Foto - Ton Molina
Levantamentos do Planalto animaram presidente em ofensivas que levaram dólar às alturas
Nas últimas duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem intensificado seus ataques ao Banco Central (BC) e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Essa ofensiva vai além da insatisfação de Lula com a interrupção na queda da taxa de juros, destaca o blog de Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo.
Segundo a publicação, pesquisas internas do Palácio do Planalto revelam que mais de 60% dos brasileiros apoiam as críticas de Lula, o que justifica a insistência do presidente mesmo com a alta do dólar, que chegou a R$ 5,70 na terça-feira 2.
A persistência de Lula é sustentada por pesquisas que mostram um apoio significativo da população aos ataques do petista ao BC. Os dados reforçam a convicção do presidente de que, ao atacar a autarquia, ele pode recuperar sua popularidade e ajudar o PT a ganhar força nas eleições municipais.
“O presidente, que passou boa parte do primeiro ano de mandato disparando flechas contra Campos Neto até uma breve trégua que resultou na redução da taxa Selic até a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do último dia 25, que decidiu por unanimidade manter o índice em 10,5%, se sentiu autorizado a retomar a ‘guerra contra os juros’”, avalia Malu Gaspar.
Lula modera tom depois de apelos de Haddad
Depois de apelos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da equipe econômica, Lula recuou em suas críticas. Haddad argumentou que a retórica contra o BC, apesar de popular, fez o dólar subir, o que poderia aumentar a inflação e forçar ainda mais os juros, colocando a popularidade do presidente em risco.
“É preciso levar em conta, por exemplo, que Lula assumiu o terceiro mandato bem mais ressentido com o mercado, que em sua visão apoiou Bolsonaro enquanto ele estava preso em Curitiba”, avalia a publicação.
Nos bastidores, auxiliares de Lula dizem que ele prometeu mudar o disco por algum tempo. “Resta saber se, caso os índices de popularidade continuem caindo até o fim do mandato de Campos Neto, no fim do ano, Lula resistirá aos instintos de tornar o BC vidraça novamente”, conclui o texto.