O novo presidente interino do Fórum de Davos e diretor-geral da Nestlé SA, Peter Brabeck-Letmathe, tem sido criticado em numerosas ocasiões por suas declarações públicas sobre a água e as mudanças climáticas.
Um dos momentos mais polêmicos de sua carreira pública ocorreu em 2005, quando questionou a ideia da água como direito humano básico. Afirmou que considerá-la um bem universal era “uma postura extrema” e defendeu que deveria ser tratada como qualquer outro produto de consumo, com um valor econômico atribuído. Embora tenha ressaltado que era necessário estabelecer mecanismos para garantir o acesso dos mais vulneráveis, suas palavras geraram uma forte rejeição social e obrigaram a Nestlé, a empresa para a qual trabalhava, a emitir um comunicado esclarecedor.
Além disso, no passado também defendeu a importância de não colocar em risco a economia das nações por causa das “mudanças climáticas”. Em uma entrevista reproduzida pelo The Guardian, Brabeck-Letmathe diminuiu o dramatismo do aquecimento global, destacando que o clima sempre mudou e que o importante é que essas mudanças ocorram em um ritmo que permita à humanidade se adaptar. “Não somos Deus para decidir que o clima atual deve se manter imutável”, declarou na ocasião.
Agora, Peter Brabeck-Letmathe assume o comando do organismo após a renúncia de Klaus Schwab, fundador do Fórum e seu único presidente até o momento. Brabeck, de origem austríaca, já fazia parte do círculo diretivo da instituição como vice-presidente e agora assume a liderança de forma provisória.
Sua trajetória profissional foi marcada por sua vinculação com a multinacional Nestlé, onde começou sua carreira em 1968 como representante comercial em sua Áustria natal. Durante as décadas seguintes, foi subindo posições na América Hispânica, desempenhando cargos diretivos em países como Equador, Venezuela e Chile. A partir de 1987, sua carreira se concentrou na sede internacional da companhia na Suíça, onde foi nomeado vice-presidente sênior.
Em 1997, assumiu a direção geral da Nestlé, e mais tarde foi designado presidente do grupo, cargo que ocupou até 2008. Paralelamente, também fez parte dos conselhos de administração de grandes empresas como L’Oréal, ExxonMobil e Credit Suisse, e foi presidente do Grupo Fórmula Um e membro ativo da Mesa Redonda Europeia de Industriais.
Crédito La Gaceta