Relatório da PF enviado ao ministro Alexandre de Moraes afirma que assessor foi aos EUA para trazer de volta ao Brasil o “kit ouro rose”; advogado nega ter cometido ilegalidades.
A PF (Polícia Federal) afirmou que obteve novas provas que reforçam a participação de Fabio Wajngarten no processo que investiga a venda de joias recebidas de presente da Arábia Saudita pelo Jair Bolsonaro (PL). Wajngarten é advogado e foi secretário de Comunicação Social do ex-presidente.
Segundo o relatório que a corporação enviou ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o advogado foi designado por Bolsonaro para “transportar, de forma oculta, o ‘kit ouro rose’ dos Estados Unidos para o Brasil”. Os presentes, conforme a investigação, teriam sido vendidos a joalherias dos EUA e posteriormente recuperados em um esquema que envolveu aliados de Bolsonaro.
O indício, segundo a PF, que liga Wajngarten ao caso foi encontrado no celular de Marcelo Costa Câmara, que atuou como assessor de Bolsonaro. Nele, havia uma procuração com uma rubrica, “possivelmente” identificada como sendo do ex-presidente. O documento autorizava Wajngarten a “retirar e transportar, por quaisquer meios e por quaisquer rotas [inclusive internacionais]” um kit de joias, além de uma pistola e um fuzil.
A assinatura foi feita depois que o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou a entrega dos presentes –2 dias antes de o advogado viajar para os Estados Unidos para transportá-los. Wajngarten, então, representaria o ex-presidente perante a Corte de Contas.
Para a corporação, o novo documento contradiz as afirmações dos investigados de que os bens estariam no acervo do ex-presidente na Fazenda Piquet, cedida pelo automobilista Nelson Piquet, em Brasília (DF).
“Chama a atenção que o documento ressalta a possibilidade de utilização de rotas internacionais para proceder a devolução das joias, fato que ratifica a ciência de que os bens desviados do acervo público estavam no exterior, contrariando as afirmações dos investigados de que os bens estariam no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro”, declarou à PF.
O QUE DIZ WAJNGARTEN
Em publicação em seu perfil no X nesta 2ª feira (27.jan.2025), Wajngarten declarou que “em nenhuma hipótese há qualquer envolvimento” de sua parte “além do assessoramento técnico” para cumprir a determinação do TCU.