PF intima Eduardo Tagliaferro, ex-chefe de órgão do TSE, para depor

Depois das publicações de reportagens da “Folha de S. Paulo”, investigadores querem ouvir o perito e sua mulher na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.

A PF (Polícia Federal) intimou nesta 4ª feira (21.ago.2024) Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para depor sobre os vazamentos de mensagens publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo que  indicam ações extraoficiais do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

O depoimento está marcado para as 11h de 5ª feira (22.ago.2024) na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. A sua mulher também foi intimada para depor, às 14h30.

A pedido de Moraes, a PF abriu um inquérito para apurar o vazamento das mensagens publicadas pela Folha. O caso tramita no STF, sob relatoria do próprio ministro Alexandre de Moraes. Está sendo investigado pela DIP (Diretoria de Inteligência Policial), na sede Polícia Federal em Brasília.

Poder360 entrou em contato com Eduardo Tagliaferro para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito do depoimento à PF. Ele disse que ainda não contratou um advogado.

MENSAGENS

As mensagens e arquivos noticiados pela Folha foram trocados entre Moraes, seus auxiliares e outros integrantes de sua equipe pelo WhatsApp, como o juiz e assessor do ministro Airton Vieira e o perito criminal Eduardo Tagliaferro, que atuava no TSE até ser preso por violência doméstica contra a mulher. Os registros revelam que o gabinete do ministro pediu pelo menos 20 vezes a produção de relatórios de forma não oficial.

Porém, os casos aos quais o jornal teve acesso não continham a informação oficial de que a produção do relatório foi feita a pedido do ministro ou de seu gabinete, mas sim por um juiz auxiliar do TSE ou por denúncia anônima. Esses documentos, então, eram usados para embasar medidas criminais contra bolsonaristas.

De acordo com a Folha, 2 dos relatórios foram produzidos contra os jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo.

“Quem mandou isso aí, exatamente agora, foi o ministro e mandou dizendo: ‘Vocês querem que eu faça o laudo?’. Ele tá assim, ele cismou com isso aí. Como ele está esses dias sem sessão, ele está com tempo para ficar procurando”, disse Airton Vieira a Tagliaferro em 28 de dezembro de 2022. “É melhor por [as postagens], alterar mais uma vez, aí satisfaz sua excelência”, disse.

O assessor do TSE, então, respondeu que alteraria o documento. “Concordo com você, Eduardo [Tagliaferro]. Se for ficar procurando [postagens], vai encontrar, evidente. Mas como você disse, o que já tem é suficiente. Mas não adianta, ele [Moraes] cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia”, declarou o juiz.

Em 1º de janeiro de 2023, Airton enviou duas cópias de decisões de Moraes sobre o inquérito das fake news, que ordenou quebra do sigilo bancário, cancelamento de passaporte e bloqueio de redes sociais de Constantino e Figueiredo. No início da decisão, consta que “trata-se de um ofício encaminhado pela Assessoria Especial de Desinformação Núcleo de Inteligência do Tribunal Superior Eleitoral”.

Antes, em 22 de novembro de 2022, Moraes encaminhou outra publicação de Constantino e pediu análise das mensagens. Airton pediu bloqueio e multa pelo STF e para Tagliaferro “caprichar” no relatório. Já o documento diz que informações foram obtidas por sistema de alertas do Tribunal. Depois, a equipe demonstrou receio com o modus operandi da denúncia.

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