Machado estaria intermediando a emissão de passaporte português a Mauro Cid para sair do país após processo do suposto golpe de Estado.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou favorável ao pedido da Polícia Federal para investigar o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, pela suspeita de que estaria intermediando um contato para conseguir um passaporte português ao tenente-coronel Mauro Cid, delator do suposto plano para uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Há a suspeita de que Cid poderia utilizar o documento no futuro para deixar o país, assim como fez a deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP) mais recentemente após ser condenada a 10 anos e 8 meses de prisão por uma suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2022.
No pedido enviado ao ministro Alexandre de Moraes, Gonet cita que a Polícia Federal apontou a atuação de Machado junto ao Consulado de Portugal na cidade de Recife, no mês passado, para “obter a expedição de um passaporte português em favor de Mauro César Barbosa Cid, para viabilizar sua saída do território nacional”, mas que “não obteve êxito na emissão do documento”.
“Sendo possível, porém, que ele busque alternativas junto a outras embaixadas e consulados com o mesmo objetivo, conforme os dados encaminhados”, seguiu o procurador-geral da República no pedido enviado a Moraes ao qual a Gazeta do Povo teve acesso.
Para Gonet, a análise das informações reunidas pela Polícia Federal “indica a necessidade de complementação das diligências investigavas, a fim de possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre a autoria das condutas apuradas, especialmente em razão da provável possibilidade de que o requerido esteja empregando esforços junto a outras embaixadas e consulados com o mesmo propósito ilícito.
O pedido aponta que Cid comprovaria a aplicação para obter o passaporte português por conta do parentesco com sua mãe, Agnes Barbosa Cid, que já possui a cidadania do país europeu.
“Possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual”, completou.
Cid foi ouvido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda (9), na fase de interrogatórios dos réus do chamado “núcleo 1”, grupo supostamente liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No depoimento à Justiça, Cid detalhou pressão que Bolsonaro sofreu em 2022 e que o ex-presidente chegou a ler e revisar um documento que previa medidas para anular o resultado das eleições presidenciais daquele ano, incluindo a prisão de autoridades do Judiciário e do Legislativo. Cid afirma que o texto foi “enxugado” por Bolsonaro, mas não chegou a ser assinado.
“Sim, [Bolsonaro] recebeu e leu. Ele enxugou o documento. Basicamente, retirando as autoridades das prisões, somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, relatou Cid ao ministro, confirmando a existência do plano para instaurar uma nova eleição por meio de uma comissão eleitoral.
O militar também reafirmou que assinou o termo de colaboração de forma espontânea e negou qualquer tipo de coação. Ele manteve integralmente os relatos já prestados em depoimentos anteriores.
Crédito Gazeta do Povo