Caso foi arquivado em 2022, mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pediu novo parecer à Procuradoria-Geral da República
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta quarta-feira, 15, a reabertura do inquérito sobre possível interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). Em 2022, a corporação, ao investigar o caso, concluiu que não havia indícios contra o ex-presidente.
O pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, vem em razão de questionamentos do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que, em maio de 2025, solicitou uma nova análise da PGR sobre o arquivamento do caso.
A investigação começou com uma denúncia do senador Sergio Moro (União-PR), então ministro da Justiça, contra Bolsonaro. Ele disse que o então presidente influenciava decisões dentro da corporação e tentava proteger aliados e familiares. A exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, em abril de 2020, foi o estopim das denúncias, levando Moro a deixar o governo e tornar públicas suas suspeitas.
Ausência de provas contra Bolsonaro e inquérito arquivado
Bolsonaro negou qualquer interferência e reafirmou que exonerou Valeixo — atribuição que compete ao presidente — por falta de diálogo com ele. Bolsonaro também afirmou que Moro até aceitou as mudanças, mas depois de ser cogitado para uma vaga no STF. O senador negou.
Ao longo de quase dois anos, 18 pessoas foram ouvidas e perícias feitas, mas, em março de 2022, a Polícia Federal concluiu não haver indícios suficientes contra Bolsonaro. “Nenhuma prova consistente para a subsunção penal foi encontrada”, afirmava o relatório encaminhado a Moraes.
“No decorrer dos quase dois anos de investigação, dezoito pessoas foram ouvidas, perícias foram realizadas, análises de dados e afastamentos de sigilos telemáticos implementados. Nenhuma prova consistente para a subsunção penal foi encontrada”, dizia o relatório da PF encaminhado a Moraes.
A então vice-procuradora-geral Lindôra Araújo recomendou o arquivamento. “Não há como atribuir ao presidente da República Jair Messias Bolsonaro e ao ex-ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública Sérgio Fernando Moro o cometimento de atos com repercussão criminal”.
Recuo da PGR
Agora, porém, Gonet solicita que a Polícia Federal aprofunde as apurações, especialmente sobre eventual ligação entre a suposta interferência e investigações relativas a críticas ao STF e ao sistema eleitoral.
Na avaliação de Gonet, é fundamental ampliar a análise. “Imprescindível, portanto, que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis.”