Policial civil é afastado após confronto com jornalista Natuza Nery em São Paulo

Caso levanta debate sobre limites entre crítica política e perseguição institucional

Um incidente envolvendo a jornalista Natuza Nery e o policial civil Arsenio Scriboni Júnior em um supermercado de São Paulo resultou no afastamento do policial de suas funções e provocou intenso debate sobre liberdade de expressão e uso do aparato estatal.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado, Scriboni teria abordado Natuza durante uma ida rotineira ao supermercado, acusando-a de ser “responsável pela situação política do país” e afirmando que pessoas como ela deveriam ser “aniquiladas”. Após o incidente, ambos foram à delegacia e uma investigação foi rapidamente iniciada pela Corregedoria da Polícia Civil.

A rápida repercussão do caso atraiu manifestações de autoridades importantes. O ministro do STF Gilmar Mendes e o ministro Jorge Messias expressaram solidariedade à jornalista e demandaram resposta imediata das autoridades. Apenas três dias após o confronto, Scriboni foi afastado de suas funções.

Questionamentos Legais e Institucionais

A atuação da Corregedoria tem gerado controvérsia por diversos aspectos:

  1. O policial estava em horário de folga durante o incidente, sem relação com sua atividade profissional
  2. A interpretação literal do termo “aniquilar” é contestada, argumentando-se que foi usado no sentido figurado de extinção de influência política
  3. A manifestação prévia do ministro Gilmar Mendes sobre um caso que potencialmente poderia chegar ao STF levanta questões sobre imparcialidade

Especialistas apontam que eventual atuação da Corregedoria motivada apenas por pressão de autoridades poderia configurar prevaricação e abuso de autoridade, conforme artigo 319 do Código Penal e artigo 30 da Lei de Abuso de Autoridade.

Repercussão e Análise

O caso ganhou dimensões que extrapolam o incidente inicial. A rápida mobilização de figuras públicas, incluindo políticos e artistas, em defesa de Natuza, somada à célere resposta institucional, tem sido interpretada como indicativo do papel estratégico da jornalista no cenário político-midiático atual.

O episódio tem sido comparado ao caso do Aeroporto de Roma, onde um incidente aparentemente atípico ganhou grandes proporções por envolver uma figura pública ligada ao sistema institucional. Críticos argumentam que está ocorrendo uma aplicação desproporcional do aparato estatal contra um cidadão que expressou opinião política, ainda que de forma inadequada.

O caso continua sob investigação pela Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, enquanto o debate sobre os limites entre crítica política e perseguição institucional permanece aceso.

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