Rascunho de documento final da COP30 exclui plano para abandonar petróleo

A presidência da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) divulgou, na madrugada desta sexta-feira, 21, um novo rascunho do documento final do evento. A publicação ocorreu horas depois do incêndio que interrompeu as negociações em Belém.

Segundo o jornal O Globo, o texto, chamado “Decisão Mutirão”, não inclui o “mapa do caminho” para o fim dos combustíveis fósseis. A proposta é defendida por cerca de 80 países, pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo secretário-geral da Organização nas Nações Unidas, Antonio Guterres.

A ausência do roteiro provocou reação imediata. Alemanha, Reino Unido, Colômbia, Ilhas Marshall e Vanuatu enviaram carta em que dizem que não aceitam um resultado sem o plano de transição energética.

A França afirmou estar “extremamente decepcionada” com a falta de menção aos fósseis e às metas de mitigação. “No estado atual, é simplesmente inaceitável”, disse a ministra Dominique Barbut. Ela também criticou o fato de o texto não usar sequer a palavra “desmatamento”.

Outras reações ao rascunho do documento final da COP30

A União Europeia demonstrou desânimo e defende ambição maior nas metas de corte de emissões, mas resiste à pressão de países em desenvolvimento para ampliar o financiamento para adaptação climática. O bloco quer manter o valor de referência aprovado em 2024, de US$ 300 bilhões, enquanto estimativas apontam necessidade acima de US$ 1 trilhão.

O Observatório do Clima revelou que as metas “sucumbiram à pressão de países petroleiros”. Um grupo de cientistas, entre eles Carlos Nobre, classificou o texto como incoerente e “uma traição à ciência”.

As negociações foram retomadas depois do incêndio, que paralisou a área da “zona azul” durante a tarde. A conferência deveria terminar nesta sexta-feira, mas a expectativa é que se estenda pelo fim de semana, como ocorreu em outras edições.

Lula foi criticado pela exploração de petróleo às vésperas da COP30

Neste mês, Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, criticou Lula. Ela afirmou esperar que o petista cumpra os compromissos da COP30 para garantir resultados concretos.

Em entrevista ao O Globo publicada na segunda-feira 17, Agnès disse que o governo brasileiro precisa fazer mais pelo meio ambiente, ao citar como contradição a licença concedida à Petrobras para explorar petróleo na Margem Equatorial.

“Sabemos que isso terá um impacto muito negativo na natureza local, nas populações e no clima” disse a secretária-geral da Anistia Internacional. “O Brasil investir em petróleo não é uma boa ideia e representa uma contradição com a tentativa de Lula de liderar a discussão da transição energética. Essa licença não é boa para a COP30 nem para a imagem do presidente, além de ferir a credibilidade brasileira nas negociações.”

Em 4 de novembro, antes da cúpula, Lula declarou que seria um “líder falso e mentiroso” se esperasse o fim da conferência para anunciar a licença ambiental. A Petrobras recebeu em 20 de outubro autorização do Ibama para perfurar o poço exploratório FZA-M-059.

Crédito Revista Oeste

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