Instalação de 5,8 mil câmeras asiáticas em todos os municípios fluminenses desperta preocupação sobre soberania e privacidade
O governo do Rio de Janeiro firmou acordo com as empresas chinesas Hikvision e Dahua para a aquisição de câmeras de monitoramento e equipamentos de reconhecimento facial. O contrato prevê a instalação sobretudo de 5,8 mil câmeras em viaturas e no videomonitoramento urbano em todos os 92 municípios fluminenses.
O tema ganhou destaque na Revista Diálogos, da imprensa oficial do Comando Sul dos Estados Unidos. A divisão classificou a iniciativa como de interesse direto da Defesa Nacional. A informação é da Revista Sociedade Militar. Para os norte-americanos, a expansão da vigilância chinesa no Brasil e na América Latina representaria um alerta estratégico que ultrapassa fronteiras nacionais.
Rio não é uma exceção
O caso do Rio não é único. Em toda a região, cresce a adoção de equipamentos de vigilância de origem chinesa, atraída por preços competitivos e tecnologias de ponta. Governos latino-americanos enxergam nesses recursos ferramentas eficazes contra a criminalidade.
Especialistas, no entanto, alertam para o fato de que a dependência de empresas com laços estreitos com o Partido Comunista Chinês (PCC) pode gerar riscos ocultos. Além de preocupações com a segurança de dados, surgem temores de que as tecnologias possam principalmente ampliar a influência política de Pequim no continente. Os Estados Unidos monitoram a situação.
Estima-se que Hikvision tenha fornecido mais de 21 mil câmeras corporais ao governo fluminense. Segundo autoridades locais, esses equipamentos contribuíram para mais de 500 prisões, resultado considerado positivo em um Estado marcado pela violência do tráfico e de grupos paramilitares.
Apesar disso, organismos internacionais e especialistas em segurança cibernética ressaltam que a utilização das câmeras pode ter um objetivo duplo. Além do combate ostensivo ao crime, há risco de que, no futuro, o sistema seja empregado como instrumento de repressão política, em linha com o modelo de vigilância doméstica usado pelo governo chinês.