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Se Lula sangrar de novo, operação maior está no radar, diz Kalil

Médico do presidente afirma que essa seria um procedimento raro e muito improvável, mas que seria necessário, em último caso, se hemorragia fosse intensa; aí seria preciso cortar o crânio para retirada da meninge; petista deverá repousar até o fim do ano, sem fazer grandes viagens.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 79 anos, passou por um cateterismo nesta 5ª feira (12.dez.2024) e o procedimento foi bem-sucedido, segundo seu médico pessoal há mais de 20 anos, o cardiologista Roberto Kalil Filho, 65 anos. O cateter entrou no corpo do petista pela região da virilha e foi até a cabeça para injetar uma substância que obstruiu a artéria meníngea média, próxima à região na qual houve uma hemorragia na última 2ª feira (9.dez.2024).

Roberto Kalil falou ao Poder360 sobre o que pode se passar nos próximos dias e semanas. O risco de um novo sangramento nesse local da cabeça do presidente é mínimo, segundo o médico. Se vier a ocorrer algo de proporções semelhantes ao que se passou no início da semana, uma das hipóteses mais extremas é uma craniotomia: cortar um pedaço do osso do crânio para poder retirar por completo a meninge (membrana que recobre o cérebro) do presidente. Kalil diz, entretanto, que essa é uma hipótese muito remota e que isso não será necessário.

A condição atual de Lula é decorrência de uma queda do petista no Palácio da Alvorada, em 19 de outubro de 2024, quando bateu a parte de trás da cabeça, o cérebro chacoalhou e 2 coágulos foram formados. 

Com o passar do tempo, o hematoma formado pelo sangue vazado havia se estabilizado. Só que houve novo sangramento na última 2ª feira. A área atingida tinha uma extensão de cerca de 3 centímetros. Lula foi levado às pressas para São Paulo e foi operado na madrugada de 3ª feira (10.dez.2024), no Hospital Sírio-Libanês. Passou por um procedimento chamado de trepanação craniana. Foram feitos 2 furos com broca cirúrgica em sua cabeça para que o sangue fosse sugado. Um dreno foi instalado no local. Cada furo tem pouco mais de 1 cm de diâmetro. Os furos ainda estão abertos. O dreno ainda não foi retirado.

Não houve mais sangramento depois da trepanação. Mas Lula tem 79 anos. O cérebro de qualquer pessoa tem uma redução de tamanho com o passar dos anos. Dessa forma, o local em que estava o hematoma e de onde o sangue foi sugado na 2ª feira fica com mais espaço –e, assim, mais vulnerável a novos sangramentos. Ao analisar essa condição, os médicos do presidente decidiram optar por um novo procedimento preventivo, que foi realizado nesta manhã pelo radiologista vascular José Guilherme Caldas.

O procedimento desta 5ª feira se chama embolização de artéria meníngea média. Essa artéria tem cerca de 1 milímetro de diâmetro na região onde foi feita a obstrução, que foi realizada com o cateter depositando uma substância química com uma consistência semelhante à de uma gelatina.

O médico de Lula acha que o presidente estará plenamente recuperado em 15 dias. Nesse período, entretanto, Kalil recomendará que o petista não faça viagens longas e tente descansar. Depois, estará liberado para compromissos mais extensos, inclusive uma viagem programada para o Japão no 1º semestre de 2025.

Leia trechos do que disse Roberto Kalil Filho ao Poder360:

Poder360 – Os médicos dizem que a chance de um novo sangramento agora é de menos de 5% em pacientes como o presidente. Ainda que seja mínima essa chance, se houver esse sangramento, o que deve ser feito?

Roberto Kalil Filho – Se tiver novo sangramento, vamos avaliar o que poderá ser feito. Mas é importante dizer que é algo muito improvável.

Mas quais são as opções? Uma nova drenagem, nova embolização?

Se houver novo sangramento, tem várias condutas que foram discutidas antes da coletiva. Um novo sangramento é uma possibilidade muito rara, segundo a literatura médica conhecida. Mas e se acontecer? Não queremos que aconteça, é raro, mas se acontecer? Primeiro, vamos ver que tamanho é esse sangramento. É uma gotinha? São 3 centímetros? 

Se for algo mínimo, o que se faz?

Se for uma coisa mínima, tem apenas de observar. 

E se for maior?

Se houver um novo sangramento, o que é raro, tem várias possibilidades dependendo do tamanho do sangramento. Desde observação, nova trepanação [sugar o sangue por meio de um furo na cabeça] até a craniotomia. Ou seja, pode ser desde nova drenagem até uma craniotomia.

Como é a craniotomia?

Posso dizer, mas ressaltando que é algo que não está no nosso radar porque o presidente está bem e sem sangramento. Ainda mais agora com o procedimento preventivo de hoje [5ª feira, 12.dez.2024]. Mas a craniotomia seria necessária se o sangramento voltar e uma trepanação não for suficiente para sanar o problema. A craniotomia é uma operação maior –e eu não vejo que o presidente vá precisar– que requer cortar um pedaço do crânio para remover a meninge. 

E um paciente depois disso, como reage?

Sem o menor problema. Mas, de novo, eu não estou dizendo que o presidente precisa fazer a craniotomia. Até porque todas as condutas adotadas até agora foram muito bem adotadas e o presidente está muito bem.

Neste momento, há uma dúvida sobre se um paciente de 79 anos, que vive sob pressão constante (por ser presidente da República), não deveria reduzir o ritmo de trabalho e viajar menos de avião. Isso seria recomendável?

Tudo depende da evolução. Mas como está sendo até aqui, de maneira muito positiva, daqui 15 dias pode fazer o que quiser. Pode ir para a China, para a Lua, para onde quiser.

O sr. está seguro dessa recomendação?

Estou. A recuperação do presidente está sendo muito boa. Hoje, depois do procedimento, ele estava já plenamente consciente. É importante dizer que o cérebro não foi acometido. Não foi, e ainda bem. Naquele dia, na 2ª feira, se não tivéssemos tomado as providências necessárias, o cérebro poderia, sem dúvida, ter sido afetado. 

Ainda assim, o que o sr. vai recomendar ao presidente?

Agora ele deve descansar até o fim do ano. Evitar fazer grandes viagens até o fim do ano. É coerente, não vai viajar para lugar nenhum. Poderá ir para Brasília, claro.

Ele tem uma viagem programada para o Japão no ano que vem… Poderá fazer?

Vai poder ir, sim.

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