Sebastião Coelho pede que Senado rejeite recondução de Paulo Gonet à PGR

Ex-magistrado afirma que o procurador é corresponsável por denúncias que levaram a processos contra Bolsonaro e aliados

O desembargador aposentado Sebastião Coelho publicou um vídeo nas redes em que pede aos senadores que rejeitem a recondução de Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele afirmou que o procurador é “um dos grandes responsáveis pela desgraça que o país está vivendo”, em referência às denúncias apresentadas contra Jair Bolsonaro, generais e ex-assessores do governo anterior.

No vídeo, Coelho diz que, sem as denúncias apresentadas por Gonet, os processos no Supremo Tribunal Federal (STF) não existiriam, e que a atuação do procurador teria permitido os “abusos” do ministro Alexandre de Moraes. O ex-magistrado também mencionou a acusação feita contra Felipe Martins e outros investigados e disse que todas “passam pelas mãos” do chefe do Ministério Público Federal.

Coelho ainda fez um apelo direto à bancada do Distrito Federal ao dizer ter certeza de que Damares Alves (Republicanos-DF) e Izalci Lucas (PL-DF) votarão contra a recondução. Ele cobrou posição da senadora Leila Barros (PDT-DF), a quem advertiu que um eventual voto favorável significaria “ficar contra os conservadores”.

O advogado também convocou eleitores a pressionarem os senadores até quarta-feira 12, data da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Você tem que ligar para o seu senador”, afirmou. “Se mesmo assim ele for aprovado, o sistema estará completo — com o Executivo, o Supremo e o procurador-geral alinhados.”

Contexto político por trás do novo mandato de Gonet

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconduziu Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República para um novo mandato de dois anos. Lula assinou o ato no fim de setembro, poucos dias antes do julgamento de Jair Bolsonaro no STF.

Gonet, que ocupa o cargo desde dezembro de 2023, precisa de nova aprovação no Senado, com sabatina na CCJ e votação em plenário. Embora o governo conte com maioria para aprovar a recondução, parte da oposição, sobretudo senadores ligados ao bolsonarismo, promete resistência.

Entre os críticos estão parlamentares que acusam o procurador de ter agido politicamente ao denunciar Bolsonaro por suposta tentativa de golpe. O processo resultou na condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão.

Mesmo desgastado, Gonet deve ser aprovado com margem menor do que a de 2023, quando obteve 65 votos favoráveis.

PGR é “puxadinho do STF”

O advogado André Marsiglia avaliou que o Senado deve reconduzir Gonet, mas com um número maior de votos contrários — cerca de 25, contra 11 na votação anterior. Ele afirmou que a aprovação mostra “a força do Supremo sobre o Congresso”. Também disse que a PGR tem se comportado como um “puxadinho do STF”, com atuação de Gonet como “extensão do poder do ministro Alexandre de Moraes”.

Marsiglia disse ainda esperar que, se a oposição não conseguir barrar o nome do procurador, ao menos “coloque Gonet na parede” durante a sabatina, diante do que chamou de arbitrariedades cometidas com anuência da Procuradoria-Geral da República, inclusive contra o próprio Senado.

Crédito Revista Oeste

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