Foto – Crozet/Pouteau/ILO/Flickr CC
Segundo nova pesquisa da Ipsos
A popularidade do presidente da França, Emmanuel Macron, está em seu ponto mais baixo, segundo uma pesquisa da Ipsos. Assim, Macron perdeu dois pontos no início do ano, chegando a 21%, praticamente seu mínimo histórico desde a crise dos coletes amarelos (quando caiu para 20%) no final de 2018.
O primeiro-ministro, François Bayrou, tem 20%, o índice de popularidade mais baixo ao assumir o cargo no mandato de Macron, muito atrás de Gabriel Attal (37%), Michel Barnier (34%) e Elisabeth Borne (27%).
A pesquisa chega em um momento em que Macron criticou Elon Musk por supostamente nutrir uma “internacional reacionária” por apoiar a Alternativa para a Alemanha (AfD) “Este é o mundo que nos tocou viver e com o qual temos que lidar através da diplomacia”, afirmou.
França e Alemanha já não podem liderar nada, e consequentemente a Europa também não
É a hora do ceticismo no mundo inteiro. Esta mudança de ciclo ideológico, que vem rejeitando os partidos políticos tradicionais e seu projeto de mundo, mal mostrou as unhas e promete avançar. O desprezo pela classe política mundial, que manipula os fios do “sistema” há décadas, corre em paralelo com a frustração generalizada contra esse sistema que foi degradado, corrompido e utilizado como instrumento para o crime. Mas na Europa essa classe política abusou de seu direito de ser horrenda. Quebraram a Europa, a prostituíram, a saquearam, a obscureceram, a envergonharam… e agora vão fazer qualquer coisa para se agarrar aos poucos pedaços que restam flutuando.
O ceticismo na Europa, falando em votos, marcará a política no ocidente nos próximos anos porque em todas as eleições que acontecerão neste jovem ano de 2025 na Europa, a direita tem vantagem nas pesquisas e tem o pulso da rua. Claro que nem sempre é eleitoralmente eficiente, os partidos de Estado, esses que podem ser de qualquer ideologia e mudar de planos segundo a tendência, há anos manipulam as instituições para forçar os sistemas eleitorais a seu gosto. Desde os pactos de Sánchez com o terrorismo, passando pelas contorções antidemocráticas de Macron, os ocultamentos criminosos de Starmer até as tramoias de Von der Leyen. São magos para permanecer onde não os querem em nome da “institucionalidade” que sistematicamente apodrecem.
Nas eleições gerais da União Europeia essas manipulações lhes permitiram abraçar o poder por mais um tempo, mas poucos meses depois França e Alemanha, as duas principais potências da UE, enfrentam cataclismos políticos e sociais que derrubam por terra a suposta estabilidade conquistada. A presidente da Comissão Europeia, a sempre serpenteante e globalmente vilipendiada, Ursula von der Leyen, vendo esta profunda mudança de humor fez uso do jargão tecnocrata para prometer resolver as crises que ela mesma criou com sintagmas vazios como “diálogo estratégico” “Livro branco” e outras inúteis insignificâncias.
O calendário eleitoral europeu promete ser uma reedição das disputas das rêmoras políticas que se abrigam no esconderijo do Partido Popular Europeu e do resto do cardume continental que com amabilidade chamamos de “centro”. Os dois pilares do bloco se encontram navegando tempestades, com suas economias deficitárias ou estagnadas e com vulnerabilidades terríveis como a inovação insuficiente, o inverno demográfico, o decrescimento autoimposto, altíssimos custos da energia e uma exígua capacidade de defesa.
Mas sem dúvida, o maior problema que enfrentam é a imigração descontrolada produto de um programa político que se propôs a fazer encaixar vários continentes em um e agora é a pedra no sapato dos principais partidos políticos. A Europa se voltou à “multiculturalidade” pelo consenso entre suas elites políticas que, para piorar, fizeram essa multiculturalidade elegível para a assistência social. O resultado foram grupos estanques que conservaram os piores aspectos de sua cultura de origem, sustentados esses vícios pelo sistema de bem-estar. O que poderia dar errado? Os alarmes foram rejeitados por décadas com acusações de racismo por parte daqueles que não eram os sofridos vizinhos desses grupos. Hoje temos “a reação”, e quando isto ocorre tudo se torna instável.
Quem foi primeiro: Alemanha ou França? O infortúnio de ambos os países está atado. A crise da França precedeu o enfraquecimento da Alemanha, mas o certo é que por anos se associaram para fixar a agenda da decadência. O chanceler Olaf Scholz, para surpresa de ninguém, perdeu o voto de confiança no Bundestag, forçando eleições antecipadas para fevereiro próximo. A Alemanha chega a estas eleições sendo a economia com pior desempenho na Europa, com um crescimento de 0% em 2024 e prognósticos de 0,8% para 2025.
Suas apostas energéticas e geopolíticas ruinosas (uma saudação destas linhas para a maior fraude de marketing político da história: a senhora Merkel) colapsaram sua cadeia de suprimentos, com uma crise imobiliária sem precedentes e com a decadência de seu setor automobilístico. Agoniada pelo preço da energia, a Alemanha perdeu sua base industrial, especialmente os setores químico e automobilístico. A crise da Volkswagen é a melhor metáfora alemã. Em comparação com meio século atrás, a Alemanha carece de autonomia e está envelhecendo.
A França não tem um panorama melhor, a Assembleia Nacional tem paralisadas suas aspirações orçamentárias do governo, o FMI prevê quase uma estagnação para este ano e seu desempenho econômico é um beco sem saída para seu desempenho político. Hackeada sua competitividade por sua máfia sindical e uma política de pensões inviável; tudo é uma dor de cabeça para o presidente Emmanuel Macron, que insiste, pateticamente, em continuar no leme.
A brecha de crescimento entre a eurozona e EUA é calamitosa, pior ainda no setor tecnológico. As principais empresas tecnológicas são dos Estados Unidos e China, e só quatro estão localizadas na Europa. Os motores da Europa se converteram em mendigos em matéria de segurança, vivendo da esmola dos EUA. Graças a este paradigma, Nações Unidas e a Corte Internacional de Justiça são, felizmente, irrelevantes.
O temor à Rússia invasora os encontra impotentes, desarmados, desorientados e divididos. França e Alemanha já não podem liderar nada, e consequentemente a Europa tampouco. Basta ver que seus burocratas estão mais preocupados em censurar Elon Musk do que em buscar um desenvolvimento energético e logístico que não os leve de volta às cavernas se um navio russo ou chinês cortar a internet ou os houthis anularem o intercâmbio comercial.
Cabe destacar que a outra potência europeia, Grã-Bretanha, se afunda na ignomínia. O Partido Conservador se converteu em uma farsa traidora dos mandatos do Brexit, daí em diante tudo foi decadência. Perdeu suas bases e foi expulso do poder, para ser substituído pelo Partido Trabalhista que não perdeu um minuto em se fazer odiar. Economicamente procaz, moralmente criminal, administrativamente stalinista. Hoje, a viralização da cumplicidade do sistema de justiça e da casta política com as gangues islamistas que torturaram e violaram centenas de milhares de meninas ao longo de décadas mostra ao mundo o que é a podridão da institucionalidade britânica toda. Começando por sua polícia, seguindo por seu sistema de saúde e justiça, passando por sua mainstream midiática e por suposto sua classe política, sem nos esquecermos de sua casa real, todos são personagens de um romance de terror.
Faz sentido que os políticos tradicionais europeus sejam desprezados pelos eleitores. A ira contra a classe política ainda não explodiu com toda a potência que tem acumulada. As massas de todo o mundo estão vendo a incrível resiliência de Donald Trump para voltar ao poder depois que elites políticas, midiáticas e corporativas se dedicaram a enterrá-lo durante quatro anos. Sua mensagem de desprezo ao “sistema” pega em todos os lugares. Nada que um político comum e corrente não dissesse há meio século: advogar pela prosperidade, a eficiência e o amor à pátria.
A vitória de Trump é um sintoma de um fenômeno que excede os EUA, e que afeta profundamente a Europa. O “centro” entrou em crise e os eleitores estão se deslocando para a direita porque suas prioridades são outras, muito, muito distantes dos níveis de wokismo no sangue da política tradicional. Os eleitores do resto da Europa vão começar a demandar essa coragem e essa potência que viram no homem que em poucos dias volta a dirigir o país mais importante do mundo. Os europeus descontentes, que cada vez são mais, observarão o regresso triunfal de Trump como uma conquista do cidadão comum; é justo que agora digam: “Façamos a Europa grande novamente”.
Também faz sentido que os políticos e burocratas da elite europeia estejam horrorizados, é pouco provável que sobrevivam a semelhante demanda e ao entusiasmo do regresso de Trump. Controlam o sistema, mas são detestados pelos indivíduos. O “centro” perdeu narrativa e credibilidade. Haverá uma direita que tome a dianteira?