Foto - Pedro França
Chico Rodrigues, no entanto, evitou emitir julgamento sobre a disputa mesmo após ameaças de Maduro.
O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) viajará à Venezuela nesta quinta (25) para acompanhar a eleição presidencial de domingo (28) que pode dar continuidade ou encerrar o regime do ditador Nicolás Maduro. Ele acompanhará a votação com todos os custos pagos pelo governo venezuelano – é o único parlamentar brasileiro autorizado por Maduro.
Rodrigues é do estado de Roraima e preside o Grupo Parlamentar Brasil – Venezuela. Seu estado vende ao país vizinho 62,4% das exportações, principalmente de produtos alimentícios como arroz, feijão, soja e milho. Ele afirmou que “tudo funciona” lá, mas preferiu evitar qualquer julgamento sobre o regime de Maduro, quem dificultou a participação da oposição na eleição e vem escalando a tensão nos últimos dias às vésperas da votação.
“Não posso julgar o regime deles, porque não vivo lá. Na verdade, tudo funciona – o Judiciário, a economia, as instituições funcionam. A oposição reclama da falta de liberdade, alguns falam em comunismo. Sou contra esse conceito. Acho que o regime luta para permanecer no comando do país”, disse em entrevista ao jornal O Globo.
Chico Rodrigues também evitou comentar a recente rusga entre Maduro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em referência à ameaça de “banho de sangue” e “guerra civil” caso o venezuelano saia derrotado. A fala assustou Lula, que foi orientado por Maduro a tomar um “chá de camomila”.
“Eu não posso analisar, não sei em qual contexto o presidente Maduro falou isso. Eu acredito que o presidente não poderia ser capaz de imaginar uma situação dessas. Nenhum país do mundo, num regime mais duro que seja, não pensa nisso. A política é a convivência dos contrários, e não a exclusão dos contrários”, disse.
O senador informou na entrevista que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que organiza a eleição venezuelana, dará orientações nesta sexta (26) de como ele poderá acompanhar o processo. Rodrigues afirmou que espera verificar o deslocamento de eleitores, ida a seções eleitorais e a condução da votação. “Não vou para passear”, completou lembrando que acompanhou a reeleição de Hugo Chávez em 2000.
Rodrigues afirmou que “o mundo inteiro sabe das dificuldades” da eleição segundo relatos da imprensa, e que há uma disputa entre governo e oposição em que “quem tá dentro não quer sair, e quem tá fora quer entrar”. “Essas dificuldades são inerentes à expectativa de cada grupo”, disse.
Além de Chico Rodrigues, está confirmada também a ida do embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais. Por outro lado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu não mais enviar dois observadores para acompanhar a eleição após Maduro ter questionado o sistema eleitoral brasileiro dizendo que não há auditoria dos votos.