STF transfere R$ 50 milhões à Unesco sem lançar valor como ativo

Auditoria detecta falha grave em pagamento para obras no Museu da Corte

Uma auditoria interna do Supremo Tribunal Federal (STF) identificou uma inconsistência nas contas da Corte que ultrapassa R$ 56 milhões. Do montante, R$ 50 milhões correspondem a um repassa único feito à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A transferência, registrada como despesa corrente em dezembro de 2024, destinava-se à expansão física do Museu do STF. No entanto, o pagamento não foi acompanhado da devida contrapartida patrimonial, o que gerou subavaliação do ativo do tribunal nas demonstrações contábeis de 2024.

O valor foi destinado a um projeto de cooperação internacional entre o STF e a Unesco. A parceria, que vai até novembro de 2030, envolve a ampliação do museu, a criação de uma nova praça de acesso e a reforma da área expositiva interna.

Mesmo com o caráter duradouro e estrutural, o tribunal registrou os R$ 50 milhões como se fossem um gasto ordinário mensal, e não como um ativo de longo prazo.

O pagamento antecipado, equivalente a R$ 1 milhão por mês ao longo de seis anos, também não gerou registros de direito patrimonial no balanço. O relatório afirma que o erro de classificação distorceu os números da Corte.

“A despesa antecipada proporciona um direito a ser reconhecido no ativo, em contrapartida à saída de caixa”, diz trecho do relatório. “Sendo assim, o não reconhecimento contábil do direito ao recebimento do bem patrimonial acarretou uma subavaliação do ativo, o que impactou individualmente, de forma relevante, as demonstrações contábeis de exercício em 2024.”

Relatório do STF indica falhas também em bens móveis e softwares

Além do caso envolvendo a Unesco, a auditoria encontrou R$ 6,5 milhões em bens móveis sem registro adequado no sistema de patrimônio do STF. Houve ainda distorções de R$ 1 milhão na conta de Softwares e de R$ 5,5 milhões em Equipamentos de Segurança.

Segundo a Corte, os lançamentos não ocorreram porque o sistema Geafin exige a entrega final dos bens para liberar o registro. Apesar dos apontamentos, os auditores consideraram que as falhas não comprometeram a integridade das contas gerais do STF.

No site da Unesco, o projeto do museu aparece como uma “contribuição voluntária/autobenefício”, no valor de US$ 9 milhões, equivalente a R$ 48,7 milhões. A ambiguidade da classificação abre margem para dúvidas sobre a natureza exata da operação: doação, cooperação técnica ou gasto efetivo. A auditoria examinou as contas do STF de 1º de agosto de 2024 a 21 de março de 2025.

Crédito Revista Oeste

compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *