Tagliaferro, sobre o Judiciário: ‘Vão continuar com o plano de poder’

Denúncias indicam ambiente de vigilância interna, pressão sobre servidores e manipulação política nas eleições

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, fez graves acusações contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral. Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, ele falou em perseguição política, controle de narrativas e um plano de poder em curso dentro das instituições.

Segundo Tagliaferro, o STF se transformou em um mecanismo de centralização de decisões políticas. O projeto, segundo ele, vem sendo articulado há anos e agora estaria consolidado com apoio interno de servidores e ministros.

O ex-assessor descreveu um ambiente de vigilância dentro da Corte. Relatou que servidores agiam como “delatores internos”. Nesse sentido, repassavam informações confidenciais de “outros órgãos e empresas” para agradar superiores. “Isso era estimulado”.

Ele também afirmou que havia um julgamento prévio de pessoas investigadas pelos atos do 8 de janeiro, com base em suas posições políticas. Conforme seu relato, critérios jurídicos não guiavam as decisões, mas motivações ideológicas.

Moraes é “autoritário”, e nova Presidência “não muda nada”  

Tagliaferro destacou Moraes como o centro de um sistema de perseguição institucional. Disse que o ex-chefe era movido por vingança e descreveu sua atuação como “cruel” e “pessoal”.

Segundo ele, figuras como Carla Zambelli, Bia Kicis, Daniel Silveira e o próprio Jair Bolsonaro eram alvos prioritários. “Tudo que se referia a eles era priorizado, como se fosse questão de Estado”.

“Moraes é mau”, disse Tagliaferro à Gazeta. “Não é só autoritário, ele é mau. A Lei Magnitsky é pouco perto do que ele representa. Isso não é política, é pessoal, é perseguição, é vingança.”

Além das denúncias contra Moraes, o ex-assessor revelou que diversos colegas deixaram seus cargos em razão do clima hostil no tribunal. Alguns, segundo ele, saíram em silêncio. Outros perceberam que o tribunal havia rompido os limites institucionais e pediram demissão em meio a lágrimas.

Tagliaferro também reagiu à mudança de comando no STF. Para ele, a chegada do ministro Edson Fachin à presidência e de Moraes à vice apenas reforça a linha já adotada.

“A nova presidência não muda nada”, argumentou o ex-assessor. “Ela reforça o que já está acontecendo. Já se falava, dentro do gabinete de Moraes, que ele seria o próximo presidente do Supremo. Isso fazia parte de uma lógica de poder, não de mérito jurídico. Eles vão continuar com o plano de poder, com o plano de governo deles.”

Ex-assessor prevê eleições manipuladas

Tagliaferro vê com pessimismo o cenário eleitoral de 2026. Conforme o ex-assessor, o Judiciário já opera para moldar o resultado. Assim, as próximas eleições já estão comprometidas.

“As eleições não serão limpas”, ponderou Tagliaferro. “Não é só interferência pontual. É uma engenharia de dominação de narrativa, jurídica e tecnológica. Não vão permitir que um projeto conservador volte ao poder por vias democráticas. Há planos para inviabilizar juridicamente candidaturas que ameacem o sistema estabelecido.”

Tagliaferro afirma estar preparado para enfrentar as consequências das denúncias

Do exílio na Itália, Tagliaferro destacou que está preparado para ser preso ou extraditado. Disse não ter recebido nenhuma notificação oficial, mas relatou um episódio recente em Roma, quando policiais o abordaram. Depois de checarem os documentos dele e de sua família, o liberaram. “Se houvesse um pedido real em curso, ali teria sido o momento.”

Apesar das ameaças, garantiu estar em paz com as escolhas que fez. “Quando decidi fazer as denúncias, eu sabia dos riscos”, ressaltou ao jornal. “Prisão, extradição, exílio. Tudo isso eu avaliei. Já estou psicologicamente preparado.”

Crédito Revista Oeste

compartilhe
Facebook
Twitter
LinkedIn
Reddit

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *