Nomes do ex-ministro da Previdência e de deputado do PP apareceram em meio a investigações da PF. Caso está com Dias Toffoli no STF
Os nomes de Onyx Lorenzoni (PP-RS), que foi ministro da Previdência no governo de Jair Bolsonaro (PL), e do deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) foram citados nas investigações envolvendo a farra dos descontos indevidos sobre aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelada pelo Metrópoles.
As menções aos políticos foram informadas pela Polícia Federal (PF) em ofício enviado neste mês ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que solicitou o compartilhamento de todos os inquéritos sobre as fraudes abertos no país para avaliar sua prevenção para relatar os casos, uma vez que os dois citados têm foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado, e já são investigados em outro inquérito que tramita em seu gabinete.
Como o Metrópoles mostrou, Macedo doou R$ 60 mil a Onyx Lorenzoni na eleição ao governo do Rio Grande do Sul, em 2022. A entidade faturou R$ 324 milhões desde aquele ano, quando firmou seu acordo com o INSS para poder efetuar descontos sobre aposentados. Quando as tratividas começaram, Onyx era ministro da Previdência
Tanto Onyx (à esquerda na foto), que foi ministro da Casa Civil e da Previdência no governo Bolsonaro, quanto Fausto Pinato tiveram alguma transação financeira ou conexão comercial com Felipe Gomes Macedo, que presidiu a Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), uma das entidades envolvidas no esquema bilionário que descontava mensalidades direto do contracheque do INSS sem o consentimento dos aposentados.
O que dizem os citados
Questionado pela coluna, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) disse que Felipe Macedo Gomes alugava uma sala comercial, onde funciona seu escritório político.
A sala fica na Alameda Grajaú, em Alphaville, em Barueri, na Grande São Paulo. Segundo o deputado, as pessoas ligadas a Amar Brasil saíram do imóvel em agosto de 2023 e um assessor parlamentar alugou o escritório em 2024.
“É uma suposição de uma sala que já foi [de um investigado]. É muita loucura [a suspeita]”, disse Pinato. “Pegar um cara que tem uma empresa, eu alugo a sala quatro ou seis meses depois, a sala é de outra pessoa. Eu vou adivinhar que a sala é de um cara que está supostamente envolvido com a farra do INSS?”, questiona o parlamentar.
Já o ex-ministro Onyx Lorenzoni reafirmou que não conhece Gomes, que contribuiu para sua candidatura a governador em 2022. Ele disse que não conhece cerca de 30% dos doadores de sua campanha ao governo do Rio Grande do Sul, mas que todas as doações foram “dentro da lei e fiscalizadas pela Justiça Eleitoral”.
“Eu tenho relação zero com essa pessoa”, disse Onyx.“Estou à disposição de Polícia Federal, Ministério Público, CPI. Quem tem a verdade, não teme a nada”, acrescentou o ex-ministro.
Escândalo do INSS
- O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
- As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- No total, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Crédito Metrópoles