O presidente da comissão, senador Carlos Viana, manifestou ‘indignação profunda’ com a medida
A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar a retirada de documentos sobre o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) reacendeu a tensão entre o Judiciário e o Congresso Nacional.
Presidente da CPMI reage
O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou receber a medida com “indignação profunda”, classificando a interferência como um ato que fragiliza a investigação de um dos maiores escândalos envolvendo aposentadorias e pensões no país.
Segundo Viana, a decisão judicial atingiu diretamente documentos relacionados à apuração que envolve o presidente do Banco Master, alvo de requerimentos de convocação e quebras de sigilo aprovados pelo colegiado na semana passada.
“Essa decisão não é apenas estranha, é grave”, afirmou o senador, ao sustentar que a retirada de documentos essenciais “enfraquece-se a investigação e amplia a desconfiança da sociedade sobre o que se tenta ocultar”.
Investigação da CPMI do INSS
Segundo Viana, o material retirado não é acessório, mas central para a compreensão de fluxos financeiros, contratos e autorizações que podem revelar quem lucrou bilhões às custas de aposentados e pensionistas.
O parlamentar destacou que a comissão apura um esquema estruturado de abusos no mercado de empréstimos consignados, marcado por descontos automáticos, contratos obscuros e renovações sucessivas que transformaram o crédito em um “ciclo permanente de endividamento”.
“A CPMI do INSS apura um dos mais graves escândalos envolvendo empréstimos consignados no país, com indícios claros de práticas abusivas contra aposentados e pensionistas”, afirmou Viana. “Milhões de brasileiros tiveram seus benefícios corroídos por contratos obscuros, descontos automáticos prolongados e renovações sucessivas que transformaram o consignado em um ciclo permanente de endividamento.”
A reação ocorre justamente no momento em que a CPMI avançava sobre o núcleo financeiro do esquema. Na semana passada, a comissão aprovou a convocação do banqueiro Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, para prestar depoimento, além da quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico relacionados ao caso. Os requerimentos foram considerados estratégicos para rastrear movimentações financeiras suspeitas, identificar beneficiários finais do esquema e esclarecer a relação entre instituições financeiras, associações e intermediários que operavam junto ao INSS.
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Para Carlos Viana, “retirar documentos de uma CPMI do INSS em pleno funcionamento enfraquece a apuração, desorganiza o trabalho investigativo e cria um precedente extremamente perigoso de interferência externa em um instrumento constitucional do Parlamento”.
“O dever com o Parlamento e com o povo brasileiro se impõe acima de qualquer circunstância pessoal”, afirmou. “Quando se retira documento de uma CPMI do INSS, não se retira apenas papel. Retira-se transparência. E sem transparência, não há justiça.”





