Entre os projetos afetados estão hotéis previstos para hospedar delegações; o governo do Pará nega prejuízo no cronograma
Depois de dois dias de greve e sem avanços nas negociações, trabalhadores da construção civil em Belém decidiram manter a paralisação nesta quarta-feira, 17.
O movimento, que afeta mais de 300 obras na cidade, impacta projetos ligados à COP30, evento que ocorrerá na capital paraense em menos de dois meses.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém (STICMB), cerca de 80% das obras em andamento estão paradas, atingindo mais de 10 mil operários.
Entre os projetos afetados estão hotéis previstos para hospedar delegações da conferência climática, além de imóveis públicos e privados. O governo do Pará, porém, nega que haja prejuízo no cronograma das obras relacionadas à COP30.
Impasse motivou manutenção da greve
A decisão de continuar a greve foi tomada depois de uma reunião de quase duas horas com o Sindicato das Indústrias da Construção do Pará (Sinduscon-PA), acompanhada pela Superintendência Regional do Trabalho.
Os patrões ofereceram reajuste salarial de 6% e aumento da Cesta básica para R$ 130, mas os trabalhadores reivindicam 9,5% de aumento e Cesta básica de R$ 270.
O Sinduscon-PA declarou que busca superar o impasse e destacou que os reajustes propostos superam a inflação dos últimos 12 meses, cujo INPC foi de 5,13%, garantindo assim aumento real para os trabalhadores.
Operários avançam com acordos
No início da noite desta quarta, representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (STICMB) informaram que houve avanço nas negociações com as empresas.
“À tarde, a mobilização resultou na assinatura de um acordo coletivo envolvendo as empresas Vila Galé, GPE Prime, Normatel e demais terceirizadas que atuam em obras ligadas à COP30, diz o trecho de um comunicado do STICMB nas redes sociais.
“O acordo, com validade de um ano, garante conquistas importantes para os trabalhadores, que fazem parte da campanha salarial 2025/2026, como 9,5% de reajuste nos salários; Cesta básica; PLR de R$ 378,00 em duas vezes; aviso prévio indenizado (fim do aviso trabalhado); dentre outras”, continua a nota.
“Essa vitória demonstra que, quando os trabalhadores cruzam os braços e o sindicato está na linha de frente, conseguimos avançar”, afirmou a coordenador-geral do STICMB, Ailson Cunha. “Se a Vila Galé e as empresas terceirizadas da COP 30 puderam fechar esse acordo, as demais também terão que chegar ao mesmo patamar.”
A greve da construção civil segue mobilizada em Belém, Ananindeua e Marituba até que todas as empresas atendam às reivindicações dos grevistas.