Novas transcrições divulgadas revelam que o ex-presidente Donald Trump solicitou ao Pentágono que garantisse a presença da Guarda Nacional para assegurar a segurança dos eventos do dia 6 de janeiro de 2021. A data ficou marcada por protestos em frente ao Capitólio, que culminaram em uma invasão.
De acordo com o General Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, Trump orientou suas equipes em 3 de janeiro de 2021, três dias antes do incidente, a garantirem que os protestos ocorram de forma segura. Milley afirmou que Trump disse:
“Certifique-se de que tenha soldados ou a Guarda Nacional suficientes para garantir que seja um evento seguro. Faça o que for necessário, apenas certifique-se de que esteja seguro.”
Essa informação vem das transcrições ligadas ao Comitê da Câmara dos Deputados, que está investigando os eventos relacionados à invasão do Capitólio. O objetivo é esclarecer quais ações foram tomadas previamente e durante o ataque.
Reforço da Segurança Solicitado
A solicitação de Trump para reforçar a segurança foi reiterada em várias falas capturadas nas transcrições. Milley destacou que a orientação foi clara quanto à necessidade de ter a Guarda Nacional pronta para garantir que o evento fosse seguro, em meio à previsão de uma grande concentração de manifestantes.
Christopher Miller, que atuou como Secretário de Defesa interino na época, também trouxe à tona uma observação importante. Ele mencionou que, embora Trump tenha comentado a necessidade de até 10 mil soldados, isso foi interpretado como um comentário informal, sem que tenha sido dado como uma ordem direta. De acordo com Miller, a frase de Trump foi vista como “banter presidencial”, algo que ele descreveu como típico do estilo de fala do ex-presidente.
Debate Sobre Resposta Militar
Outro ponto crítico revelado nas transcrições é o debate entre as lideranças militares sobre o uso da Guarda Nacional. O General Milley e outros oficiais expressaram preocupação sobre as “percepções” e “ópticas” envolvidas em mobilizar tropas militares para o Capitólio, temendo que isso pudesse ser visto como uma ação antidemocrática.
Nas transcrições, o Secretário do Exército na época, General Piatt, teria dito que não recomendava o envio da Guarda Nacional ao Capitólio naquele momento, alegando que “a presença militar poderia piorar a situação e as ópticas eram ruins”. Esse atraso gerou debates acalorados sobre o tempo de resposta da Guarda Nacional enquanto os eventos no Capitólio se desenrolavam.
O Comandante da Guarda Nacional de Washington D.C., General Walker, expressou frustração nas transcrições, afirmando que suas tropas estavam prontas para agir, mas que não receberam autorização em tempo hábil. “Nós queríamos responder, mas não podíamos,” disse Walker. Ele comparou a situação a um incêndio de grandes proporções onde os bombeiros são impedidos de atuar.