O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira ter autorizado a Agência Central de Inteligência (CIA) a conduzir operações secretas na Venezuela, em uma escalada significativa da pressão norte-americana sobre o governo de Nicolás Maduro.
Segundo o New York Times, que revelou a diretriz confidencial com base em fontes do governo, a estratégia de Washington busca remover Maduro do poder. A administração Trump já havia oferecido uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão e condenação do líder venezuelano por tráfico de drogas.
A nova autorização permite que a CIA realize operações letais no território venezuelano e amplie suas ações no Caribe. Questionado sobre a decisão, Trump justificou-a citando o tráfico de drogas e a migração de venezuelanos para os Estados Unidos. “Eles esvaziaram suas prisões e enviaram essas pessoas para cá por causa da fronteira aberta”, afirmou, acrescentando que “o outro problema são as drogas”.
Trump também declarou que as forças norte-americanas “têm o mar sob controle” e agora concentram esforços nas rotas terrestres de narcotráfico. A Casa Branca não detalhou quais operações foram autorizadas.
Historicamente, a CIA tem atuado na América Latina desde a Guerra Fria, tanto em operações paramilitares quanto em missões de inteligência. O envolvimento recente da agência em países como México já havia sido relatado por veículos internacionais.
O governo venezuelano reagiu acusando Washington de violar o direito internacional e de buscar legitimar uma “operação de mudança de regime” para se apoderar do petróleo do país. “Nossa missão permanente na ONU apresentará uma queixa formal ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral”, afirmou o chanceler Yván Gil em comunicado.
Trump, que intensificou o envio de tropas ao Caribe, afirmou que a Venezuela “está sentindo o calor” da pressão. A oposição norte-americana criticou a falta de transparência. A senadora Jeanne Shaheen, do Comitê de Relações Exteriores, declarou que “o povo americano tem o direito de saber se o governo está conduzindo o país a outro conflito e colocando militares em risco”.