Trump dá até domingo para Hamas responder cessar-fogo e ameaça com ‘inferno’ se grupo não aceitar

Às vésperas dos 2 anos do ataque de 7 de outubro, Estados Unidos pressionam organização terrorista com ultimato; plano prevê libertação de reféns e governo internacional em Gaza

Trump diz que um acordo sobre Gaza parece ter sido alcançado

DEIR AL-BALAH, Faixa de Gaza – O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira, 3, que o grupo terrorista Hamas deve aceitar um acordo de paz proposto até a noite do próximo domingo, 5, ameaçando uma ofensiva militar ainda maior, quase dois anos após a guerra provocada pelo ataque de 7 de outubro contra Israel.

Trump demonstra estar empenhado em cumprir as promessas de encerrar a guerra e trazer de volta dezenas de reféns antes do segundo aniversário do ataque, na terça-feira, 7. Seu plano de paz foi aceito por Israel e recebeu apoio internacional, mas os principais mediadores, Egito e Catar, além de ao menos um dirigente do Hamas, afirmaram que alguns pontos ainda precisam de mais negociação, sem dar detalhes.

“Um acordo deve ser alcançado com o Hamas até domingo, às SEIS (6) da tarde, horário de Washington, D.C.”, escreveu o presidente americano numa rede social. “Todos os países concordaram! Se este ACORDO DE ÚLTIMA CHANCE não for firmado, todo o INFERNO, como nunca se viu antes, será desencadeado contra o Hamas. HAVERÁ PAZ NO ORIENTE MÉDIO DE UMA FORMA OU DE OUTRA.”

Plano de Trump encerraria os combates e traria de volta os reféns

O plano, que Trump apresentou no início desta semana ao lado do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, prevê que o Hamas libertará imediatamente os 48 reféns restantes, acreditando-se que cerca de 20 deles ainda estão vivos. O grupo também abriria mão do poder e entregaria suas armas.

Em troca, Israel interromperia sua ofensiva e se retiraria de grande parte do território, libertaria centenas de prisioneiros palestinos e permitiria a entrada de ajuda humanitária, além da reconstrução futura. O plano de transferir grande parte da população de Gaza para outros países seria abandonado.

O território, que abriga cerca de 2 milhões de palestinos, passaria a ser administrado por um governo internacional, sob supervisão do próprio Trump e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. O plano não prevê caminho para uma futura reunificação com a Cisjordânia em um eventual Estado palestino.

Um dirigente do Hamas disse à Associated Press nesta semana que alguns pontos do plano são inaceitáveis e precisam ser alterados, sem dar detalhes. Os palestinos desejam o fim da guerra, mas muitos veem esta e propostas anteriores dos EUA como fortemente favoráveis a Israel.

EUA e Israel buscam pressionar o Hamas

Israel tem procurado aumentar a pressão sobre o Hamas desde que encerrou um cessar-fogo em março. A nação judaica isolou a Faixa de Gaza, impedindo a entrada de alimentos, medicamentos e outros bens por dois meses e meio. Além disso, conquistou, destruiu e praticamente desocupou grandes áreas do território.

Especialistas determinaram que a Cidade de Gaza entrou em situação de fome pouco antes de Israel lançar uma grande ofensiva com o objetivo de ocupá-la. Estima-se que 400 mil pessoas tenham fugido da cidade nas últimas semanas, mas centenas de milhares permaneceram.

Olga Cherevko, porta-voz do escritório humanitário das Nações Unidas, disse ter visto várias famílias deslocadas ficando no estacionamento do Hospital Shifa durante uma visita na quinta-feira, 2.

“Elas não conseguem se deslocar para o sul porque simplesmente não têm condições financeiras”, disse Cherevko à Associated Press. “Uma das famílias tinha três filhos e a mulher estava grávida do quarto. Havia muitos outros casos vulneráveis ali, incluindo idosos e pessoas com deficiência.”

Trump escreveu que a maioria dos combatentes do Hamas está “cercada e MILITARMENTE PRESA, apenas esperando que eu dê a palavra, ‘VAI’, para que suas vidas sejam rapidamente extintas. Quanto aos demais, sabemos onde e quem vocês são, e serão caçados e mortos.”

A maioria dos líderes do Hamas em Gaza e seus combatentes já foram mortos, porém o grupo ainda tem influência em áreas não controladas pelo Exército israelense e lança ataques esporádicos que mataram e feriram soldados israelenses.

O Hamas manteve sua posição de que só liberará os reféns restantes em troca de um cessar-fogo duradouro e da retirada israelense. Netanyahu rejeitou esses termos, dizendo que o grupo terrorista deve se render e se desarmar.

Ataque contra Israel completa 2 anos na próxima semana

A guerra entre Israel e o grupo terrorista completa dois anos na próxima terça-feira. No dia 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, atacando bases militares, comunidades agrícolas e um festival de música ao ar livre.

Cerca de 1,2 mil pessoas morreram e 251 foram sequestradas. Depois de acordos de cessar-fogo e operações de resgate, 50 reféns seguem no território palestino, mas apenas 20 são considerados vivos.

A ofensiva deslocou cerca de 90% da população de Gaza, muitas vezes mais de uma vez, e tornou grande parte do território inabitável.

Tanto o governo Biden quanto o de Trump tentaram encerrar os combates e trazer de volta os reféns, ao mesmo tempo em que forneceram amplo apoio militar e diplomático a Israel. 

Crédito Estadão

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