Pablo Marçal disse ter recebido carta de Donald Trump após levar cadeirada; em resposta à coluna, campanha do ex-presidente dos EUA nega
Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump negou que tenha enviado uma carta a Pablo Marçal por conta da cadeirada que o candidato a prefeito de São Paulo levou durante um debate eleitoral. O desmentido ocorre após Marçal dizer que recebeu uma carta do político norte-americano, alvo de um atentado a tiros, em tom solidário.
A negativa de Donald Trump foi enviada em resposta à coluna por meio de seu porta-voz e conselheiro sênior na campanha deste ano à Casa Branca. “O presidente Trump não enviou nenhuma carta do tipo”, afirmou, categoricamente, Jason Miller. [“President Trump has not sent any such letter”.
Em busca do apoio do eleitorado conservador, Pablo Marçal disse, na segunda-feira (23/9), antes do debate do Flow: “Recebi uma carta do Trump falando que lamenta muito o ocorrido. O Trump que é um cara que sofreu também um atentado agora. Cada um na sua escala: o presidente dos Estados Unidos é bala de fuzil, o Bolsonaro é faca, e a Prefeitura de São Paulo, que é mais baixo um pouquinho, é cadeirada”, disse, relembrando a agressão de Datena.
E Marçal foi além. Questionado por jornalistas se teria respondido a tal carta de Donald Trump, o ex-coach emendou: “Já. A resposta foi: ‘Muito obrigado pela preocupação. E a gente vai mudar o mundo. Você do lado aí dos Estados Unidos, e a gente, no Brasil, através de São Paulo’”.
De acordo com Donald Trump, nenhuma carta foi destinada nem a Marçal nem a nenhum outro integrante da equipe do ex-coach no Brasil. Antes de acionar a campanha do ex-presidente nos Estados Unidos, a coluna pediu a Pablo Marçal uma foto da carta que ele teria recebido. Agora, é possível saber por que não houve resposta.
Na entrevista coletiva dada a jornalistas antes do debate do Flow, Marçal também disse que tentaria se encontrar pessoalmente com Donald Trump: “Tô viabilizando isso. Vou ver se eu consigo encaixar. É muita sabatina, e eu gosto de ir pro debate. Se eu conseguir um buraco na agenda, eu vou ver se dou um pulo lá, pelo menos umas 24 horas, para encontrar com o Donald Trump”.
Após receber uma cadeirada de José Luiz Datena durante o debate da TV Cultura, Pablo Marçal chegou a comparar a agressão à facada sofrida por Jair Bolsonaro e ao atentado a tiros que feriu Donald Trump. A atitude irritou bolsonaristas, que viram na comparação desproporcional uma estratégia para Marçal tentar alavancar sua candidatura.
Em páginas de direita, internautas do campo conservador chegaram a ironizar o ex-coach. “Trump, após levar um tiro, levanta, cerra os punhos e diz: ‘Lute’. Marçal, após levar uma cadeirada de um senhor de 67 anos, chama a ambulância e põe máscara de oxigênio”.
Sobre o episódio envolvendo a ambulância, o próprio Marçal chegou a admitir se tratar de uma simulação: “Eu não precisava daquela ambulância lá. Eles queriam fazer uma cena, esse povo aí. Dava para ir correndo para o hospital”, disse durante um jantar com apoiadores.
Médico diz que Marçal fingiu lesão
Quando Pablo Marçal se internou no hospital após a cadeirada, o médico Bruno Gino chegou a afirmar que o ex-coach estava fingindo lesão. A declaração foi baseada na cor da pulseira dada pela enfermagem ao candidato a prefeito.
“Sou médico há quase 10 anos, mestre pela University of Ontario e professor da disciplina de Emergência em uma escola de medicina na América do Norte por mais mais de 3 anos. Posso afirmar uma coisa com propriedade: Se alguém chegar até você dizendo que teve uma fratura de costela e falta de ar com uma pulseira dessa cor [indicando que o caso não é grave], o código do CID é Z765”, escreveu Gino.
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, mais conhecida como CID, estabelece códigos alfanuméricos para lesões, doenças e outras condições de saúde. O CID Z765 se refere a “pessoa fingindo estar doente”, em uma “simulação consciente”.
Já apoiadores de Pablo Marçal lembraram que um laudo médico do Hospital Sírio-Libanês apontou “traumatismo” na região torácica e na mão direita do candidato. “Então o boletim médico foi fraudado? Pois foi assinado pelos médicos: Dr. Luiz Francisco Cardoso, diretor de governança clínica, e Dra. Marina Sahade, vice-diretora clínica. Hospital Sírio-Libanês. PS: Se puder responder de forma direta, agradeço, pois estou esperando pra tirar uma print”, escreveu um seguidor do ex-coach.
“Você é médico e não sabe que a pulseira dentro da internação não tem nada a ver com a classificação de triagem de risco. Por exemplo: na UTI que trabalho, a pulseira de identificação é branca, a de risco de lesão por pressão é verde, a de risco de quedas é laranja, e a de alergias é vermelha. Ou seja, a triagem de risco quanto ao grau de atendimento pode ser algo utilizado somente no acolhimento. Internou? Então tudo muda”, rebateu outro usuário da rede.