UFF declara apoio a especialista que sugeriu render traficantes com pedradas

A Universidade Federal Fluminense (UFF) divulgou nesta segunda-feira (3) uma nota em que manifesta seu “irrestrito apoio institucional” e “solidariedade” à professora Jacqueline Muniz. A docente virou alvo de polêmica nas redes sociais depois de dizer que traficantes do Rio poderiam ser “facilmente rendido” com pedradas.

Titular do Departamento de Segurança Pública e do Programa de Pós-Graduação em Justiça e Segurança Pública da UFF, ela é reconhecida na nota por sua trajetória acadêmica e atuação na formulação de políticas públicas na área de segurança.

Ao comentar o uso de fuzis por criminosos, a especialista afirmou que o armamento pesado “tem baixo rendimento criminal” e que “um criminoso portando um fuzil” poderia ser “facilmente rendido até por uma pedra na cabeça”. A professora criticava a alta letalidade da operação.

“O criminoso tá com o fuzil na mão, ele é facilmente rendido por uma pistola, até por uma pedra na cabeça. Enquanto ele tá tentando levantar o fuzil e colocar o fuzil pra atirar, alguém joga uma pedra e já derrubou o sujeito”, declarou Jacqueline.

Alvo de “ataques”

A universidade afirma que ela tem sido “alvo de ataques, perseguições e discursos de ódio e cunho misógino” nas redes sociais e por parte de parlamentares, após comentários sobre a recente megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortos.

Em sua conta no X, Jacqueline publicou que outros usuários a teriam surpreendido no sábado enquanto almoçava no bairro nobre de Botafogo, no Rio. Ela os acusa de incitar violência contra ela.  

A especialista disse que sua fala foi “deformada” para deturpar seus pensamentos e invalidar suas opiniões. Ela sugere, em uma publicação no X, que se referia à superioridade da força policial sobre os traficantes.

“Fuzil e pedra. Entenda a deformação de 15 segundos de minha fala sobre a superioridade tática de força de uma corporação policial profissional sobre bandos armados”, escreveu na rede social, em um post em que divulgava uma live.

Expressão de “liberdade de cátedra”

Ainda na sua nota, a UFF afirma que a presença da professora no debate público “é expressão legítima da liberdade de cátedra e de pensamento crítico, fundamentos do ambiente universitário, da ciência e do Estado Democrático de Direito”.

A instituição repudia “qualquer tentativa de intimidação” ou de “silenciamento de vozes” comprometidas com a produção de conhecimento e a defesa dos direitos humanos. A UFF também reafirma seu “compromisso com os valores democráticos, o pensamento crítico e o diálogo plural como instrumentos de transformação social”.

Por fim, a universidade declara estar “ao lado” da professora e garante todo o suporte necessário diante dos “ataques”. Segundo a nota, “a construção de uma sociedade mais justa e igualitária exige o respeito às diferenças e a convivência com as divergências”.

Política de segurança

Em sua rede social, Jacqueline ainda divulgou o apoio do sindicato de funcionários da UFF e de departamentos da universidade federal.

Através de nota, o Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC) manifesta o seu repúdio pela ideia de enquadrar traficantes como “terroristas”, uma posição defendida pelo governo estadual fluminense.

“Ora, o problema do crime organizado e do tráfico de drogas deve ser tratado como questão criminal, e não como terrorismo, como vem sendo imprecado nos discursos de atores políticos, como o governador do Rio. Como questão criminal, implica em ações de inteligência para a devida responsabilização criminal dos envolvidos, em lugar de uma política de extermínio”, escreveu o INCT.

Crédito Gazeta do Povo

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