Quatro anos depois, ainda não houve qualquer responsabilização pelos que impuseram de forma autoritária a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 nas Forças Armadas dos Estados Unidos.
Em 23 de abril de 2025, o secretário de Guerra, Pete Hegseth, afirmou em vídeo publicado na plataforma X que “a administração anterior emitiu ordens ilegais de vacinação obrigatória com um imunizante experimental contra a Covid-19”. Dias depois, ele voltou a se referir à medida como um “mandato ilegal de vacinas”.
Em 7 de maio de 2025, Jules Hurst III, então subsecretário de Defesa para Pessoal e Prontidão (USW-P&R), enviou um memorando aos secretários das Forças Armadas declarando que a implementação da obrigatoriedade vacinal de 2021 foi “ilegal como aplicada”.
O código federal 10 U.S.C. § 1107a garante que qualquer pessoa tem o direito de aceitar ou recusar a administração de um produto autorizado apenas para uso emergencial — como foi o caso das vacinas contra a Covid-19 —, salvo se o presidente decidir suspender essa garantia. O então presidente Joe Biden, porém, jamais o fez. Ainda assim, milhares de militares foram punidos, afastados ou forçados a deixar o serviço por recusarem a vacinação.
Muitos recorreram formalmente, citando esse dispositivo legal em pedidos de isenção religiosa ou médica. Mesmo assim, as cadeias de comando ignoraram os apelos e mantiveram a exigência, o que resultou na dispensa de dezenas de milhares de militares.
O jornalista J.M. Phelps apresentou pedidos de informação (FOIA) aos ramos do Exército, Marinha, Força Aérea, Fuzileiros Navais e Força Espacial para apurar quantos pedidos de isenção foram feitos, quantos mencionavam o 10 U.S.C. § 1107a e quantos foram negados. Após meses de silêncio, o Departamento da Marinha respondeu, em 8 de setembro, que “os dados não foram mantidos em local centralizado” e que as informações solicitadas provavelmente não existiam de forma organizada — o que indica ausência de documentação sobre o impacto da medida.
Diante da falta de respostas, cresce a pressão para que o Congresso obrigue as Forças Armadas a abrir uma investigação sobre as violações legais cometidas durante a política de vacinação. O tenente reformado do Corpo de Serviço Médico da Marinha, Ted Macie, que também citou o 10 U.S.C. § 1107a em seu pedido de isenção religiosa, defende uma auditoria completa (“After Action Review”) para identificar os responsáveis.
“Os líderes militares sabem que uma investigação genuína pode custar suas carreiras — e é por isso que nada está sendo feito”, disse Macie. Segundo ele, a ausência de responsabilização cria um precedente perigoso e ameaça a confiança dos militares, que temem novas imposições ilegais no futuro.
“Este problema não vai se resolver sozinho”, advertiu. “O Congresso já nos falhou, mas ainda há alguns que pedem transparência. Talvez agora, sem o álibi de um presidente democrata, consigamos algum avanço — ou ao menos as informações necessárias para exigir justiça.”