O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira (11) o lançamento do Plano Independência 200, que terá a participação da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) e dos Corpos Combatentes da Milícia Nacional Bolivariana em 284 frentes de batalha, a fim de garantir, segundo ele, “a independência e a paz” do país.
Também hoje, o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, anunciou que chegou a hora de uma “guerra revolucionária”, em provocação aos Estados Unidos.
“Estamos ativando neste momento de norte a sul, de leste a oeste, de todas as costas do Caribe venezuelano, da fronteira com a Colômbia, dos Andes, do leste do país e do sul, estamos ativando 284 frentes de batalha”, declarou Maduro em um ato no complexo residencial Ciudad Caribia, nos arredores de Caracas, transmitido pelo canal estatal VTV.
“[Estamos] dando início a esta operação dentro do conceito de defesa integral da nação, dentro da concepção da resistência ativa do povo e dentro do conceito de uma ofensiva permanente de todo o país”, acrescentou Maduro, vestindo um boné e falando por meio de um rádio com as tropas.
O ditador venezuelano pediu a “consolidação das posições” e do “sistema defensivo nacional”, para “garantir todas as costas, de ponta a ponta, livres de imperialistas, invasores e grupos violentos” e disse que, se a Venezuela tiver que “voltar a lutar”, ela o fará por sua liberdade, após relembrar a guerra da independência no século XIX.
“Esses mares, essa terra, esses bairros, essas montanhas, essas imensidões e as riquezas dessas terras pertencem ao povo da Venezuela. Nunca pertencerão ao império norte-americano”, declarou.
Nas redes sociais, críticos da ditadura da Venezuela ironizaram o lançamento da operação. “O plano de Maduro se chama Independência 200 porque os 199 anteriores fracassaram”, escreveu um usuário do X.
Também nesta quinta-feira, o ministro do Interior e Justiça e um dos mais influentes nomes do chavismo, Diosdado Cabello, disse que “chegou a hora da guerra revolucionária contra um inimigo poderoso”.
“Acho que chegou a hora da guerra revolucionária contra um inimigo poderoso. Este partido deve revisar imediatamente todas as formas, além do que já existe. O que já existe? Nossa Força Armada Nacional Bolivariana, nossa milícia, corpos policiais e organização popular”, declarou Cabello, em sessão plenária do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), legenda do chavismo.
O ministro pediu que não se “subestime esse inimigo”, nem que ele seja “superestimado”. “Eles podem ser derrotados, eles sabem disso”, afirmou.
“Vimos povos pequenos que se impuseram e derrotaram grandes exércitos. Quem quiser que se lembre do Vietnã (…), quando um povo pequeno, mas com uma vontade ferrenha, e unido, foi capaz de dar uma lição soberana ao imperialismo norte-americano. Não é com a guerra convencional. É outro tipo de guerra, e temos que passar para essa fase e nos preparar”, afirmou.
Desde que os Estados Unidos enviaram recentemente oito navios de guerra e um submarino nuclear para as águas do Mar do Caribe próximas da Venezuela, com o objetivo de evitar a chegada de drogas ao território americano, Maduro já havia convocado uma mobilização de milicianos e no início desta semana o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, anunciou um reforço da presença militar em cinco estados litorâneos.
Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, anunciou que um barco com drogas foi atingido por militares americanos no Mar do Caribe. Ele disse que a carga era da gangue venezuelana Tren de Aragua e que 11 pessoas a bordo foram mortas.
Na sexta-feira (5), o governo dos Estados Unidos ordenou o envio de dez caças F-35 para um aeródromo em Porto Rico, para que sejam realizadas operações contra cartéis de drogas no Caribe.
No mesmo dia, Trump disse na Casa Branca que “se [aeronaves militares da Venezuela] nos colocarem em uma posição perigosa, serão abatidas”, após o Pentágono ter divulgado que duas aeronaves militares venezuelanas voaram perto de um dos navios da Marinha americana que estão em águas internacionais no Caribe.
No fim de semana, o presidente americano foi perguntado por jornalistas se cogita ordenar ataques dentro do território da Venezuela contra o Cartel de los Soles, que Washington diz ser liderado por Maduro, e respondeu: “Logo vocês verão”.
O regime chavista alega que a operação militar americana no sul do Caribe é uma “desculpa” para uma intervenção na Venezuela.