Belém simboliza ainda como a desordem e a insegurança internacionais alteraram as agendas
A COP30, que começa na próxima segunda-feira (10), teve como pré-evento a Cúpula de Líderes, iniciada nesta quinta-feira (6), em Belém (PA). O evento retomou as origens de um antigo ritual — um ritual iniciado no Brasil, em 1992, no Rio de Janeiro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, que se tornaria a “mãe de todas as COPs”.
O das portentosas negociações, seguidas de portentosas promessas, que, por sua vez, são seguidas de portentosos lamentos diante do fato de que os resultados ficaram muito aquém do necessário.
O Rio de Janeiro foi, sem dúvida, um símbolo. A conferência ocorreu logo após o fim da Guerra Fria, em um contexto de “dividendos da paz”, no qual antigos adversários pareciam ter encontrado terreno sólido para entendimentos em torno de um objetivo comum: salvar o planeta. Combater as mudanças climáticas está na agenda internacional há 33 anos.
Belém, agora, também se tornou um símbolo — mas de um mundo em desordem, no qual os principais atores globais, inclusive os maiores poluidores, se afastaram dessas tratativas. A cidade simboliza ainda como a desordem e a insegurança internacionais alteraram as agendas.
A transição energética, que é a chave para enfrentar a mudança climática, transformou-se em um problema de segurança nacional. O próprio Brasil demonstra isso: enquanto pede o fim dos combustíveis fósseis, avança na exploração desses mesmos combustíveis, ali mesmo, diante de Belém, na Foz do Amazonas.
Há países que buscam garantir energia — qualquer tipo de energia — porque precisam sobreviver em meio a guerras. Outros, como o Brasil, procuram garantir energia porque dispõem de recursos naturais que podem ser monetizados.
Na chamada comunidade das nações, ficou em segundo plano a urgência de combater aquilo que a ciência identifica como um perigo para todos. O que restou, no fim, foi o ritual iniciado lá atrás, no Rio de 1992.





