Em carta escrita da prisão, deputada acusa ministro de perseguição política
Presa enquanto aguarda a decisão da Justiça italiana sobre sua extradição, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) escreveu uma carta na qual afirma ser perseguida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter atuado contra a indicação do magistrado à Suprema Corte, em 2017.
No documento escrito à mão, Zambelli afirma ter se encontrado com o então presidente Michel Temer (MDB) a fim de convencê-lo a desistir de nomear o ministro para assumir o posto do falecido magistrado Teori Zavascki.
– Aos brasileiros todos, ontem o depoimento do sr. [Eduardo] Tagliaferro [ex-assessor de Moraes], vítima de perseguição política e assédio psicopático dentro de seu trabalho, com seu depoimento, provou mais uma vez que Alexandre de Moraes queria a minha cabeça desde quando falei de sua ficha e me encontrei com Temer e com colegas ativistas para não indicá-lo ao STF – escreveu a parlamentar, em carta obtida pelo jornalista Gustavo Uribe, da CNN.
Na sequência, Zambelli afirma estar confiante de que conseguirá provar que as condenações contra ela são fruto de “perseguição política”.
– Com isso, só provamos cada vez mais a minha inocência! Espero e estou confiante de que conseguirei provar que isso não passou de perseguição política e que sou inocente. E se tiver que passar por tudo o que estou passando para ajudar o Brasil a ser um país livre e democrático, podem contar sempre comigo. Deus está me dando forças! Ele é meu pastor e nada me faltará. Amo o Brasil, amo os brasileiros – finalizou.
Zambelli está presa desde 29 de julho, depois de ter seu nome incluído na difusão vermelha da Interpol. Ela foi condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a acusação de ser a mentora de uma invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em agosto, ela voltou a ser condenada pelo STF, dessa vez a cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. Sua defesa nega o cometimento dos crimes e afirma que contestará as decisões “firmemente”.