Lula recebe Olsen e coloca panos quentes em atrito com a Marinha

Foto – Sergio Lima

Presidente não gostou da campanha que ironizava os “privilégios” dos militares em meio à discussão de cortes de gastos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, na última 6ª feira (3.jan.2025), o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, para colocar panos quentes em atrito entre os militares e o Planalto durante a análise do pacote de cortes de gastos. O encontro foi articulado pelo ministro da Defesa, José Múcio.

Em 1º de dezembro, a Marinha publicou um vídeo em homenagem aos militares, marinheiros e fuzileiros, que segundo a publicação “abdicam de suas famílias e de momentos de lazer para proteger as riquezas do Brasil”. No fim, a peça questiona: “Privilégios? Vem para a Marinha”.

O Dia do Marinheiro é comemorado em 13 de dezembro, e o vídeo fez parte das homenagens. Mas a publicação foi feita dias depois de a equipe econômica incluir as despesas com militares no pacote de corte de gastos.

O vídeo irritou Lula e a relação do petista com Olsen só foi zerada depois do encontro promovido por Múcio.

Vídeo da Marinha

A peça mesclava imagens de marinheiros e fuzileiros trabalhando em situações extremas com civis se divertindo em momentos de lazer e reuniões de família.

A ideia era mostrar que a carreira militar conta com privações que não podem ser comparadas aos profissionais civis.

Cerca de duas semanas depois da publicação do vídeo, a Marinha excluiu das suas redes sociais o vídeo em que questionava os “privilégios” dos militares.

À época da publicação da montagem, o Poder360 procurou Marinha para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito das interpretações do vídeo. A Força respondeu que não “visa dirigir eventual crítica ao conjunto de medidas relacionadas ao ajuste fiscal”, mas “destacar e reconhecer o constante sacrifício de marinheiros e fuzileiros navais”.

Leia a íntegra da resposta:

“O Centro de Comunicação Social da Marinha informa que a peça publicitária não visa dirigir eventual crítica ao conjunto de medidas relacionadas ao ajuste fiscal atualmente em discussão.

“Sua intenção é destacar e reconhecer o constante sacrifício de marinheiros e fuzileiros navais, que trabalham incansavelmente para a Defesa da Pátria e o desenvolvimento nacional, atividades essenciais para que a sociedade em geral possa desfrutar de vida mais próspera e segura.

“A peça tem, ainda, o objetivo de inspirar e atrair jovens genuinamente vocacionados para a carreira naval, chamando atenção para a realidade da vida na Marinha, marcada por desafios e dedicação integral ao serviço.”

Repercussão negativa

Além de Lula, o vídeo não foi bem-visto por integrantes do governo. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT), disse que o conteúdo era um “grave erro” da Marinha.

“Ninguém duvida que o serviço militar exige esforço e sacrifícios pessoais, especialmente da tropa que se arrisca nos treinamentos e faz o serviço pesado. Isso não faz dos militares cidadãos mais merecedores de respeito do que a população civil, que trabalha duro, não vive na farra”, declarou a deputada em sua conta no X (ex-Twitter) à época.

Internautas também criticaram a peça e disseram que dava a entender que a Marinha considera os civis “vagabundos privilegiados” ou “turistas”.

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