Acusadas de envolvimento nos atos de Brasília, quatro brasileiras aguardam em solo norte-americano há, pelo menos, 50 dias
Os Estados Unidos detiveram quatro mulheres brasileiras foragidas em razão dos atos do 8/1 de 2023, depois de tentarem cruzar ilegalmente a fronteira do país. Do total de prisões, três ocorreram um dia depois da posse do presidente, Donald Trump, em 20 de janeiro de 2025.
A Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) confirmou que o patrulhamento de fronteira realizou as detenções e iniciou o processo de expulsão acelerada das detidas.
Raquel Souza Lopes, de Joinville (SC), tentou entrar nos EUA em 12 de janeiro, sendo presa em La Grulla, no Texas. Rosana Maciel Gomes, de Goiânia (GO), Michely Paiva Alves, de Limeira (SP), e Cristiane da Silva, de Balneário Camboriú (SC), foram interceptadas em 21 de janeiro em El Paso, também no Estado do Texas.
Três delas já são condenadas por tentativa de golpe de Estado e uma ainda é ré, ou seja, aguarda julgamento, com mandado de prisão em aberto. Há mais de 50 dias, elas aguardam em detenção em solo norte-americano.
Condenações e defesas
As condenações variam de um a 17 anos de prisão. Por outro lado, as mulheres se dizem perseguidas políticas, em razão de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. As quatro fugiram para a Argentina ainda em 2024, em temor a extradições solicitadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo era buscar refúgio político nos EUA, pela relação de Trump com Bolsonaro.
Raquel foi condenada a 17 anos por cinco crimes, incluindo golpe de Estado e associação criminosa. Depois de deixar o Brasil, ela percorreu Chile, Peru, Colômbia e México, antes de tentar entrar nos EUA. Sua advogada desistiu do caso, e sua família busca nova defesa.
Rosana, condenada a 14 anos, tem dois mandados de prisão no Brasil e ordem de extradição na Argentina. Amigos dela contataram o consulado brasileiro em Houston, no Texas, em busca de apoio.
Michely, ré por cinco crimes, organizou o transporte de manifestantes para Brasília em 8 de janeiro. O frete custou R$ 12 mil, dos quais ela pagou R$ 6,5 mil. Depois de se refugiar na Argentina, seguiu para os EUA via Peru, Colômbia e México. Já Cristiane, condenada a um ano por associação criminosa, nega envolvimento nos protestos, pois estaria em Brasília apenas a passeio.