José Duarte Penido, que renunciou ao cargo de conselheiro de administração da mineradora Vale nesta segunda-feira (11), justificou em carta ao presidente do colegiado que o processo de sucessão do presidente executivo da empresa teve “nefasta influência política” e foi conduzido de forma manipulada. A informação é da agência Reuters e da “Folha de S.Paulo”, que tiveram acesso ao documento.
“Apesar de respeitar as decisões colegiadas, a meu ver o atual processo de sucessão do CEO da Vale tem sido conduzido de forma manipulada, não atende aos melhores interesses da empresa e sofre evidente e nefasta influência política”, disse Penido na carta, segundo trecho reproduzido pela “Folha”.
“No Conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse”, afirma, em outro trecho, o agora ex-conselheiro.
A Carta da renuncia do José Luciano Duarte Penido
Em reunião na sexta-feira (8), o conselho de administração decidiu, por 11 votos a 2, manter o atual CEO, Eduardo Bartolomeo, no cargo até o fim deste ano. O executivo também deverá apoiar a transição para uma nova liderança no início do ano que vem e atuará como advisor até 31 de dezembro de 2025.
Segundo apurações da Reuters, na sexta-feira Penido e o conselheiro Paulo Hartung votaram contra a solução de prorrogar o mandato até dezembro. Essa foi uma saída intermediária adotada pelo conselho – as opções iniciais eram a recondução do CEO por todo um novo mandato ou a decisão de trocá-lo por outro executivo em maio. Penido estava no conselho da Vale desde 2019.
O desfecho foi a alternativa encontrada após a divisão do conselho na reunião extraordinária anterior sobre o assunto. Dos 13 conselheiros, seis haviam votado para reconduzir Bartomoleo e seis para dar início a um processo de seleção de outro nome.
Naquela ocasião, votaram contra a recondução de Bartolomeo os dois representantes da Previ, o indicado pela Bradespar, outros dois conselheiros independentes e o representante dos trabalhadores. Os demais independentes e o indicado pela Mitsui votaram para manter o CEO. Luís Henrique Guimarães, indicado da Cosan no colegiado, se absteve.
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