Foto - Eskinder Debebe/ONU
Proposta também determinava a libertação de reféns; recebeu 11 votos a favor, 3 contra e uma abstenção.
A proposta foi apresentada pelos EUA e recebeu 11 votos a favor, 3 contrários e uma abstenção. O documento não foi aprovado porque a Rússia e a China votaram contra. Os países são integrantes permanentes do órgão e, portanto, têm direito a veto.
O texto pedia por um “cessar-fogo imediato e duradouro” no conflito. Também determinava a “libertação de todos os reféns restantes”. A proposta representou uma mudança na posição norte-americana em relação ao conflito, já que o país vetou duas resoluções apresentadas no conselho que solicitavam o fim dos ataques.
Uma delas foi votada em 8 de dezembro de 2023. Na ocasião, os Estados Unidos afirmaram que os apelos para a interrupção do conflito eram irreais e um “prelúdio para o desastre”.
O outro veto se deu em 20 de fevereiro. À época, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, declarou que “exigir um cessar-fogo imediato e incondicional sem um acordo que exija que o Hamas liberte os reféns não trará uma paz duradoura”.
Conselho de Segurança da ONU Rejeita Resolução para Cessar-Fogo na Faixa de Gaza
Depois da votação de hoje (22.mar), Thomas-Greenfield afirmou que os EUA apresentaram a resolução com “boa-fé” depois de consultar todos os integrantes do conselho e de fazer “várias rodadas de edição” do documento. A diplomata também disse existir “duas razões profundamente sínicas” por trás dos vetos da Rússia e da China.
“A Rússia e a China ainda não conseguiram condenar os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro. […] A Rússia e a China se recusam a condenar o Hamas por queimar pessoas vivas, matar civis inocentes a tiros, estuprar mulheres e meninas e fazer centenas de pessoas reféns. Esse foi o ataque mais mortal contra judeus desde o Holocausto”, disse.
O outro motivo, segundo a embaixadora norte-americana, é que a Rússia e a China “simplesmente não quiseram aprovar” uma resolução dos Estados Unidos.
“Mais uma vez, a Rússia colocou a política acima do progresso. A Rússia, que realiza uma guerra não provocada contra seu vizinho, tem a audácia e a hipocrisia de jogar pedras quando ela mesma vive em uma casa de vidro. […] Todos sabemos que a Rússia e a China não estão fazendo nada diplomaticamente para promover uma paz duradoura ou para contribuir de forma significativa com os esforços para uma resposta humanitária”, declarou.
Ao falar sobre seu o voto, a China afirmou que o texto dos EUA “permanece ambíguo” em relação ao estabelecimento de um cessar-fogo imediato e é “desproporcional em vários aspectos”. O embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, disse que o documento, por exemplo, não se manifesta contra o plano de Israel para a atacar a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
“Um cessar-fogo imediato é um pré-requisito fundamental para salvar vidas, expandir o acesso humanitário e evitar grandes conflitos. A resolução dos EUA, porém, estabelece pré-condições para um cessar-fogo, o que não difere de dar sinal verde para continuar os assassinatos”, afirmou.
O diplomata também rejeitou as declarações dos Estados Unidos sobre o veto dado nesta 6ª feira (22.mar). “Se os EUA estivessem falando sério sobre o cessar-fogo, não teriam vetado várias resoluções do conselho”, disse Zhang.