O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Suprmo Tribunal Federal (STF), para prestar depoimento à Polícia Federal.
Ele está preso por, segundo as investigações, atuar em proteção aos mandantes dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Na petição, Barbosa afirma que, embora o magistrado tenha ordenado que a autoridade policial ouvisse os investigados imediatamente após as prisões, isso ainda não aconteceu.
Além do delegado, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), também foram alvos dos mandados cumpridos em 24 de março. Todos negam os crimes.
No documento, o delegado solicita que a polícia ouça sua esposa, Érika Andrade de Almeida Araújo, e pede a revogação das medidas cautelares impostas à advogada.
Segundo a PF, Érika teria empresas de fachada em seu nome, que supostamente auxiliaram na lavagem de dinheiro e atuaram como “testa de ferro” de Barbosa.
A defesa também enviou ao STF documentos e afirmou que não há “qualquer lastro probatório ou ao menos indiciário” indicando práticas ilícitas nos serviços prestados pelas empresas de Érika, tampouco que sua evolução patrimonial esteja relacionada a rendas ilegais.
Em um acordo de delação premiada firmado com a PF e a Procuradoria-Geral da República, o ex-policial militar Ronnie Lessa relatou que, no segundo trimestre de 2017, Chiquinho, então vereador do Rio, demonstrou uma “descontrolada reação” à atuação de Marielle em relação à “apertada votação do projeto de Lei à Câmara número 174/2016”.
Com o projeto, ele e o irmão buscariam a regularização de um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, sem respeitar o critério de área de interesse social, visando obter o título de propriedade para especulação imobiliária.
Nos depoimentos, Lessa ainda relatou que Barbosa foi uma peça-chave para que os homicídios fossem consumados a mando dos Brazão. Ao delegado, caberia garantir uma espécie de imunidade aos envolvidos, ou seja, de alguma forma o inquérito que se sucederia não poderia chegar aos responsáveis pela empreitada criminosa.
O ex-PM está preso desde 2019 sob a acusação de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson em março de 2018, na Região Central do Rio.