Foto - Sergio Camargo
Presidente avalia que situação da economia é muito boa em comparação com governo anterior e que a inflação está totalmente controlada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta 3ª feira (18.jun.2024) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Lula afirmou que o chefe da autoridade monetária trabalha para prejudicar o país e tem lado político. O comparou ao ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) por considerar que Campos Neto tem pretensões eleitorais.
“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou o petista em entrevista à Rádio CBN.
O Copom (Comitê de Política Monetária) deverá encerrar o ciclo de cortes na taxa básica, a Selic, na 4ª feira (19.jun.2024). Essa é a expectativa dos agentes do mercado financeiro, que estima o juro base de 10,5% ao ano até o fim de 2024.
Na entrevista, Lula disse não haver necessidade de a Selic ser mantida no atual patamar e defendeu novos cortes. “Temos uma situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva no investimento no setor produto. Como você vai convencer um empresário de fazer investimento se ele tem que pagar uma taxa de juro absurda? Então, é preciso baixar a taxa de juro compatível com a inflação. A inflação está totalmente controlada”, declarou.
O petista voltou a dizer que 2024 é o “ano da colheita”. Prometeu que o Brasil estará tão bem quanto ao fim de seu 2º mandato, em 2010. “Tem país com economia crescendo acima do que o mercado imaginou. Tem um país que está gerando mais empregos. Em 17 meses, foram 2,4 milhões de empregos formais nesse país. Tem a massa salarial crescendo 11,5%. A situação é muito boa do ponto de vista econômica se comparar com o país que pegamos quando chegamos”, afirmou.
Em relação ao presidente do Banco Central, Lula ironizou a presença de Campos Neto no jantar promovido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no Palácio dos Bandeirantes. O evento de Tarcísio se deu na última 2ª feira (10.jun), no mesmo dia em que Campos Neto recebeu a medalha de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
“Eu duvido que esse Roberto Campos tenha mais autonomia do que eu tinha com o [Henrique] Meirelles. O que é importante saber é a que esse rapaz está submetido. Como é que ele vai a uma festa em São Paulo quase assumindo a candidatura a um cargo do governo? Cade a autonomia dele?”, questionou o presidente.
Disse que o governador de São Paulo tem mais influencia nas decisões de Campos Neto que ele próprio e o comparou ao senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). “Não é que ele encontrou com Tarcisio em uma festa, foi uma festa do Tarcisio para ele. Foi uma homenagem que o governo de São Paulo fez para ele. Certamente porque o governador de SP deve estar achando maravilhoso. Quando ele se auto-lança a um cargo, eu fico pensando: vamos repetir o Moro?”.
Como sucessor de Campos Neto, o petista declarou que escolherá alguém que tenha compromisso com o desenvolvimento do Brasil, com o controle da inflação, mas que também pense em uma meta de crescimento.
“Então, na hora que eu tiver que escolher o presidente do Banco do Central, vai ser uma pessoa madura, calejada, responsável, alguém que tenha respeito pelo cargo que exerce, que tenha respeito e alguém que não se submeta a pressões de mercado. Alguém que faça aquilo que for de interesse dos 203 milhões de brasileiros”, afirmou.