Documento da missão de investigação foi publicado nesta terça-feira, 17
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela “intensificou dramaticamente” a repressão política depois das eleições presidenciais de julho deste ano.
Publicado nesta terça-feira, 17, o documento da missão de investigação da ONU revela que autoridades venezuelanas atuaram para desmantelar a oposição, inibir a disseminação de informações independentes e prevenir protestos pacíficos de forma “consciente e deliberada”.
“Estamos testemunhando uma intensificação da maquinaria repressiva do estado em resposta ao que entende como visões críticas, oposição ou dissidência”, afirmou a presidente da missão de investigação da ONU, Marta Valinas.
As autoridades eleitorais e o Tribunal Superior da Venezuela declararam o ditador Nicolás Maduro vencedor das eleições, sem divulgar todas as contagens de votos. Isso levou apoiadores do candidato da oposição Edmundo González a acusar o partido governista de fraude.
A oposição afirmou que sua própria contagem mostrava uma vitória para González. No início do mês, o opositor pediu asilo político na Espanha depois da emissão de um mandado de prisão contra ele.
Mais de 2 mil pessoas foram presas na Venezuela
Segundo o relatório, 2,4 mil pessoas foram presas durante os protestos pós-eleitorais na Venezuela. Além disso, a ONU relata que 25 pessoas morreram nas manifestações, 24 delas por ferimentos de bala, principalmente no pescoço.
“A resposta repressiva aos protestos marcou um novo marco na deterioração do Estado de Direito”, afirmou a missão de investigação.
“As principais autoridades públicas abandonaram qualquer aparência de independência e deferiram abertamente ao executivo”, disse o relatório.
O documento destacou que a repressão às manifestações criou um clima de medo na população venezuelana e estabeleceu uma política para silenciar e desencorajar a oposição.
Por outro lado, a ditadura de Maduro culpou a oposição pelas mortes nos protestos e classificou os manifestantes como “extremistas” e “fascistas”.
As prisões afetaram cidadãos comuns em bairros pobres, conforme o relatório. Desde 2019, aumentaram as alegações de “desaparecimentos forçados” e os relatos de tratamento cruel e tortura.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU estabeleceu a missão de investigação sobre a Venezuela em 2019, com mandato estendido até setembro deste ano.