ONU aprova o “Pacto do Futuro”, que fortalecerá a governança global, “regulamentará” redes sociais e expandirá a Agenda 2030

A nova Agenda 2045 destinará mais investimentos em políticas sociais, de “gênero” e ambientais

A ONU aprovou, com o voto favorável de 193 países na Assembleia Geral, o “Pacto do Futuro”. Este acordo, que prolongará a Agenda 2030 até a Agenda 2045, busca implementar reformas profundas nas instituições globais e propõe mais de 100 iniciativas para garantir o desenvolvimento econômico, social e político das gerações atuais e futuras. Entre os compromissos incluídos, destaca-se um capítulo específico que defende a “regulamentação” das redes sociais, das grandes empresas de tecnologia e da inteligência artificial.

A Argentina, governada por Javier Milei, recusou-se a aderir a este acordo, argumentando que ele é “antiliberal”. A ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, foi a responsável pelo discurso que marcou a saída do país sul-americano deste acordo, acompanhada pelo diplomata Ricardo Lagorio e por Nahuel Sotelo, secretário de Culto e Civilização. Sotelo desempenhou um papel fundamental na estratégia libertária de desvincular a Argentina da Agenda 2030, uma das principais frentes da sua “batalha cultural”.

Nas redes sociais, Mondino expressou: “Hoje a Argentina se desliga do Pacto do Futuro. Escolhemos um futuro em liberdade para nossos cidadãos. Nosso país busca crescer com suas próprias asas, sem estar preso a decisões externas que não se alinham às nossas metas. A Argentina será um Farol de Liberdade”. Essas palavras refletiram a postura oficial que havia sido apresentada momentos antes no plenário da ONU, durante a Cúpula do Futuro.

O “Pacto do Futuro” incluía uma série de ações detalhadas em cinco capítulos e um extenso anexo sobre as “Gerações Futuras”, que promove a cooperação para enfrentar desafios globais, como a fome, a pobreza e as mudanças climáticas. Um capítulo intitulado “Desenvolvimento Sustentável e Financiamento” destaca-se, onde a ONU se compromete a acelerar a implementação da Agenda 2030, com metas que incluem erradicar a fome, reduzir a pobreza e promover a “igualdade de gênero”.

No entanto, para o governo de Milei, este acordo não está alinhado com as prioridades da Argentina. No seu discurso, Mondino defendeu que o país está comprometido com um modelo de “liberdade econômica”, onde o comércio aberto e o respeito à propriedade privada são ferramentas essenciais para superar a pobreza. “Acreditamos que o caminho certo é aquele que promove a liberdade dos indivíduos para tomar decisões e serem responsáveis por seus atos, com regras equitativas para todos”, afirmou Mondino na ONU.

Além disso, a chanceler esclareceu que as “reservas e objeções” da Argentina ao “Pacto do Futuro” derivam do fato de que os documentos foram elaborados pelo governo anterior, em 2022, com negociações já avançadas quando o novo governo assumiu. “Embora tenhamos proposto ideias construtivas, nem sempre elas foram consideradas, o que nos levou a nos distanciar do pacto”, acrescentou a ministra.

Entre outras medidas adotadas pelo pacto, estão o aumento do investimento em políticas sociais, de gênero e ambientais, o enfraquecimento da soberania nacional, um acordo que obrigará as redes sociais a revelarem os dados dos usuários e a exigência de cumprir os ODS’s (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 para poder receber financiamento público.

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