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Recentemente, declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre sua vice-presidente, Kamala Harris, levantaram preocupações entre especialistas em direito constitucional e analistas políticos. Durante uma entrevista, Biden afirmou: “Como vice-presidente, não havia uma única coisa que eu fazia que ela não pudesse fazer. Então, fui capaz de delegar a ela a responsabilidade por tudo, desde a política externa até a política interna”.
No entanto, a Constituição dos Estados Unidos estabelece limites claros para o que um presidente pode ou não delegar ao seu vice-presidente. De acordo com fontes como o Legal Information Institute e o Federalist, há funções essenciais do cargo que o presidente não pode transferir para a vice-presidente ou qualquer outra pessoa. Isso inclui responsabilidades cruciais como conduzir a política externa, comandar as Forças Armadas e assinar ou vetar leis.
O Papel Constitucional do Presidente
A Constituição dos Estados Unidos atribui ao presidente responsabilidades específicas e intransferíveis, com o objetivo de garantir a responsabilidade executiva. O Artigo II da Constituição define que o presidente é o Comandante em Chefe das Forças Armadas e o principal responsável pela política externa, além de garantir a execução das leis federais.
Segundo o Legal Information Institute, embora o vice-presidente possa ter um papel importante em apoiar o presidente, como presidir o Senado ou representar o país em missões diplomáticas designadas, certas funções executivas não podem ser completamente delegadas. Isso significa que, em última instância, o presidente deve ser o principal decisor em questões militares, de segurança nacional e na aprovação ou rejeição de legislação.
Delegação em Questões de Política Externa e Interna
Biden mencionou que delegou à vice-presidente Harris “tudo, desde política externa até política interna”, o que levanta preocupações. De acordo com especialistas, a delegação de tarefas a subordinados, incluindo o vice-presidente, é comum e permitida em muitos casos. No entanto, há limites legais e constitucionais rígidos para o que pode ser transferido. As decisões finais sobre política externa, por exemplo, devem ser tomadas pelo presidente. Embora o vice-presidente possa aconselhar e representar o presidente em eventos internacionais, a autoridade final sobre tratados, relações diplomáticas e decisões de guerra permanece com o chefe do Executivo.
Da mesma forma, em questões domésticas, como a promulgação de leis e o veto presidencial, a assinatura e responsabilidade final também devem ser do presidente.
Riscos de Excesso de Delegação
Os críticos da abordagem de Biden argumentam que a Constituição visa garantir que o presidente seja responsável por decisões-chave, para que o poder executivo permaneça centralizado em uma única pessoa eleita. A delegação excessiva de funções essenciais para o vice-presidente pode levantar preocupações sobre transparência e responsabilidade no governo federal.
A nomeação de Kamala Harris para várias funções importantes, como o gerenciamento da crise migratória na fronteira e a condução de políticas internacionais em nome dos Estados Unidos, já foi alvo de escrutínio. No entanto, é importante que essas tarefas permaneçam no âmbito de apoio, com Biden mantendo a decisão final para cumprir sua função constitucional.