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Brasil desembolsa R$ 5 milhões com “Olimpíada dos BRICS”

Com uma delegação de 112 atletas, o Brasil vai competir em 15 modalidades nos Brics Games, evento organizado pela Rússia.

O Brasil vai enviar 112 atletas para os Brics Games, jogos que a Rússia classifica como pré-olímpicos e acontecem em Kazan entre os dias 12 e 23 deste mês. O ditador russo Vladimir Putin usa o evento como propaganda após seu país ter sido suspenso dos Jogos Olímpicos de Paris. A punição ocorreu devido a uma quebra de regulamento do Comitê Olímpico Internacional relacionada à invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022.

Moscou está na presidência do bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos) neste ano e, sob o comando de Putin, o evento ganha sua maior edição. A ideia russa é usar os jogos como uma propaganda do Kremlin, que tenta apesentar o bloco dos Brics como uma alternativa à hegemonia política internacional das democracias ocidentais. Além do Brasil, a expectativa é de que mais de 90 países enviem delegações à cidade de Kazan, na Rússia, para participar do torneio esportivo.

Conforme apurou a Gazeta do Povo com o Ministério dos Esportes (MESP), o envio da delegação brasileira ao evento vai ter um custo de R$ 5 milhões ao governo brasileiro. “O valor destinado aos jogos do Brics (R$ 5 Milhões) é parte do orçamento discricionário do MESP, repassado por meio da SNEAELIS – Secretaria Nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social”, informou a pasta.

Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem investido em uma aproximação com a Rússia e fez declarações de aceno ao ditador russo. Em 2023, quando a África do Sul realizou os Brics Games, uma delegação brasileira não foi enviada sob a alegação de falta de recursos. O Ministério dos Esportes afirmou por meio de nota que: “O Brasil condena a violação do território ucraniano, mas também é contrário às sanções promovidas à Rússia, pois defende que elas diminuem o espaço de diálogo e reduzem as chances de uma solução negociada do conflito”.

Os Brics Games, ou Jogo dos Brics, acontecem desde 2016, quando a Índia promoveu a primeira competição esportiva no âmbito do bloco. O país realizou uma competição de futebol sub-17 e, a partir disso, os países que presidiram o Brics nos anos seguintes implementaram competições entre os membros do bloco. Neste ano, contudo, Putin fez um grande esforço para dar ao torneio um caráter semelhante ao das Olimpíadas. Na concepção de analistas, está é uma estratégia do ditador russo para fazer frente às sanções que tem sofrido do Ocidente.

“Para a Rússia a [realização dos Brics Games] é uma alternativa para que possa participar de um evento esportivo internacional já que o país, como um todo, está proibido de participar dos Jogos Olímpicos, a maior competição desportiva do mundo”, avalia o professor Elton Gomes, do departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Além dos países-membros do grupo, cerca de outros 80 países também já confirmaram o envio de delegações para o país, segundo organização da competição. Países como Cazaquistão, Turquia, México, Uruguai, Venezuela, Bahrein e Congo são alguns exemplos. A lista completa de participantes, contudo, não foi divulgada.

Lula e a aproximação política com a Rússia e Putin

Questionado pela reportagem sobre o envio de uma delegação para o Brics Games na Rússia em meio ao contexto da guerra iniciada pelo país, o Ministério dos Esportes alegou que o “Brasil não está participando de um evento esportivo russo, mas sim dos Jogos dos Brics”. Ainda de acordo com a pasta, o Brasil “adota uma postura de neutralidade/equilíbrio em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, e defende que as negociações de paz precisam envolver as duas partes e levar em conta as preocupações de ambas”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contudo, tem sido alvo de críticas devido aos acenos que tem feito ao ditador Vladimir Putin. Em declarações, o mandatário brasileiro chegou a afirmar que a Ucrânia seria tão culpada pelo conflito quanto a Rússia. O petista também disse que gostaria de receber o ditador russo no Brasil e que ele não seria preso caso viesse participar da Cúpula do G20, que o Brasil sedia em novembro, no Rio de Janeiro. Putin tem um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) e por ser um signatário do órgão, o Brasil deve cumprir a ordem de prisão.

Em maio, o mandatário brasileiro declinou do convite ucraniano para participar da Cúpula da Paz na Suíça para discutir uma solução ao conflito em curso na Europa. O brasileiro foi convidado pelos governos suíço e ucraniano, porém Lula recusou ir ao encontro. Recentemente, o petista alegou que está disposto a participar de discussões como essa desde que Rússia e Ucrânia, ou seja, invasor e invadido, também integrem os diálogos.

Algumas semanas após a confirmação de que Lula não participaria da Cúpula, o assessor para assuntos especiais da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, foi envido à China e aderiu ao plano de paz na Ucrânia produzido pela China. O documento atende aos anseios russos e implica ainda na anexação territorial de ao menos um quinto do território da Ucrânia.

O Brasil também não aderiu às sanções impostas à Rússia pelo Ocidente. A Gazeta do Povo revelou ainda que o comércio entre os dois países tem aquecido após a invasão de Moscou à Kyiv. Levantamento feito pelo jornal mostrou que o Brasil é o segundo principal destino do diesel russo. A compra do produto teve ainda um aumento de quase 200% entre os quatro primeiros meses de 2024 em comparação com o ano anterior.

Em nota, o Ministério dos Esportes reafirmou a postura brasileira de não aderir às sanções. “O Brasil condena a violação do território ucraniano, mas também é contrário às sanções promovidas à Rússia, pois defende que elas diminuem o espaço de diálogo e reduzem as chances de uma solução negociada do conflito”, informou a pasta.

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