O ditador venezuelano enfrenta crescente pressão dos Estados Unidos para deixar o comando do país
Em meio à intensificação das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, o assessor especial para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, afirmou que o Brasil não pretende pressionar Nicolás Maduro a deixar o comando do país vizinho, mesmo diante de pressões norte-americanas para sua renúncia.
Durante entrevista ao jornal The Guardian, Amorim explicou que não deseja alimentar especulações sobre a possibilidade de o Brasil oferecer asilo a Maduro, embora reconheça que o venezuelano poderia considerar solicitar refúgio em território brasileiro. Ele reiterou que sua intenção é evitar a propagação dessa hipótese.
Preocupação com intervenção militar e riscos regionais
“A última coisa que queremos é que a América do Sul se torne uma zona de guerra – e uma zona de guerra que inevitavelmente não seria apenas uma guerra entre os EUA e a Venezuela”, afirmou Amorim. “Acabaria por ter envolvimento global, e isso seria realmente lamentável.”
O assessor de Lula comparou o risco de um conflito armado na América do Sul ao que ocorreu no Vietnã. “Eu conheço a América do Sul… Todo o nosso continente existe graças à resistência contra invasores estrangeiros”, destacou. Ele avaliou que uma imposição dos EUA no território venezuelano estimularia sentimentos antiamericanos em toda a região.
Operações militares dos EUA
Desde agosto, os Estados Unidos promovem uma série de operações militares no Caribe e na América Latina, justificadas oficialmente pelo combate ao tráfico de drogas. Entre os recursos empregados estão navios de guerra, fuzileiros navais, caças F-35 e o porta-aviões USS Gerald R. Ford, considerado o maior do mundo.
A Operação Lança do Sul, liderada pelos EUA, busca intensificar o enfrentamento ao tráfico de entorpecentes na região. Segundo informações do Pentágono, 23 embarcações já foram atacadas em águas caribenhas e do Pacífico, mas ainda não há comprovação pública de envolvimento desses barcos com o tráfico.
Nos últimos dias, Trump manifestou que as operações navais poderão ser expandidas para atingir países identificados como fornecedores de drogas aos EUA, o que inclui ameaças ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusado pelo presidente norte-americano de envolvimento com tráfico.
Debate sobre possível asilo a Maduro no Brasil
Indagado novamente sobre a hipótese de Maduro buscar asilo político no Brasil, Amorim não descartou a possibilidade, mas reforçou que não deseja estimular esse debate. “No entanto, o asilo é uma instituição latino-americana [para] pessoas tanto de direita quanto de esquerda”, explicou ao The Guardian. Ele recordou ainda que, em 2005, o Brasil concedeu refúgio ao ex-presidente do Equador, Lucio Gutiérrez: “Chegamos a enviar um avião para buscá-lo”, disse Amorim, ao lembrar seu período como ministro das Relações Exteriores.





