Foto – Paulo Pinto
País só ficou atrás de Argentina, Turquia, Rússia e Índia, segundo dados da agência classificadora de risco Austin Rating
O Brasil teve a 5ª maior inflação de alimentos entre os países do G20 –grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo– em 2024. A taxa foi de 7,69% no ano passado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na variação anual, o país só se saiu melhor que Argentina (94,7%), Turquia (43,6%), Rússia (11,1%) e Índia (8,4%). Os dados são de levantamento feito pela agência de classificação de risco Austin Rating com exclusividade para o Poder360.
Alguns países como Japão (6,4%) e México (4,4%) tiveram um desempenho melhor quanto à variação dos preços de bens e serviços.
INFLUÊNCIA NA INFLAÇÃO CHEIA
Em 2024, a inflação cheia –que inclui outros itens– foi de 4,83%. O país também ficou em 5º ao se considerar este critério entre os países do G20.
Quando se considera a inflação de alimentação no domicílio, a taxa brasileira no ano passado foi de 8,23%.
Alex Agostini cita o peso da alta dos alimentos sobre a inflação cheia. Eis alguns pontos:
- movimento global – “A maioria dos países mostrou que a inflação de alimentos foi relevante em todos. […] Em geral, a inflação de alimentos ficou ou igual ou acima da inflação do ano”;
- questão climática – “Foi um dos problemas que nós vimos no Brasil no passado. Vale lembrar o que aconteceu no Rio Grande do Sul e a seca em algumas regiões produtoras. Isso acontece no mundo inteiro. O fenômeno El Niño. Nesse ano, nós estamos passando pelo fenômeno La Niña, que é muito quente. Então, nós vamos ter verduras, frutas sofrendo um pouco nesse início de ano”.
O economista afirma haver dificuldades para controlar os preços de produtos in natura e menciona a chance de repetição de problemas atrelados à seca em 2025. “A gente consegue controlar preços, talvez controlar, que eu digo, por meio de algumas medidas de produtos semielaborados, industrializados, mas in natura vai ser muito difícil por conta da questão climática”, diz.
Agostini também cita a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, em taxar produtos brasileiros. “Agora com a questão de tarifas de importação que o Trump vem querendo aplicar, vai ficar ainda mais difícil”, declara.
LULA DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO
No domingo (26.jan.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a alta do dólar e a economia aquecida contribuem para a elevação do preço dos alimentos. O petista sinalizou que conversará com produtores e comerciantes sobre o tema.
“Na hora que há um aumento na demanda, ou seja, na hora que o povo pode comprar mais, na verdade, os vendedores aumentam os preços”, declarou.
QUEDA NA POPULARIDADE
A inflação atinge, sobretudo, os mais pobres e a percepção que eles têm do governo. O impacto do preço dos alimentos nessa camada preocupa o Planalto, em um momento em que há uma queda considerável na popularidade de Lula.
Pesquisa Genial/Quaest mostra que a desaprovação do trabalho de Lula foi a 49%, superando o percentual de aprovação (47%). Ao mesmo tempo, o governo tenta encontrar uma solução para o problema.
Algumas medidas aventadas viraram meme na internet –um exemplo é a sugestão do ministro Rui Costa (Casa Civil) de substituir a laranja por outra fruta.