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Cresce a repressão contra a imprensa na Venezuela antes das eleições

Foto - EFE/ Miguel Gutiérrez

ONGs e ativistas denunciam o aumento da perseguição, censura à imprensa e ordens de prisão decretadas pela ditadura de Nicolás Maduro, na Venezuela

A poucos meses das eleições na Venezuela, marcadas para 28 de julho, ONGs e ativistas políticos denunciam o aumento da perseguição, censura a meios de comunicação e ordens de prisão decretadas pela ditadura vigente no país, liderada por Nicolás Maduro.

Desde que foi anunciada a operação “Pulseira Branca” contra uma suposta conspiração para assassinar o líder chavista e aliados, o regime diversos programas de rádio, emissoras e portais de circulação, sendo o mais recente o FronteraViva, que realiza denúncias relacionadas à crise migratória no país e outros temas que abrangem o meio político. A ONG Espaço Público revelou que, somente no mês de março, houve “21 casos e 36 violações da liberdade de expressão” envolvendo a imprensa venezuelana.

Além das empresas de comunicação, jornalistas também são alvos constantes da ditadura. Sebastiana Barráez, Norbey Marín e Wender Villalobos, todos comunicadores, possuem mandados de prisão em aberto.

Segundo o portal de notícias Infobae, que conversou com um morador da cidade de Quíbor, no estado de Lara, um funcionário da Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) sofreu uma intimidação da Guarda Nacional, que entraram em sua casa e passaram horas até que “o fizeram assinar um documento onde entregava o equipamento de trabalho na delegacia, sob ameaça de levá-lo para a prisão”. Quando ele saiu, de acordo com a fonte anônima, ainda avisaram que não deveria tornar pública a denúncia.

A ONG Espaço Público apontou que 23 dos 26 casos registrados de assédio contra a imprensa venezuelana partiu de “instituições e funcionários ligados ao regime”, o que, segundo a organização, “confirma o padrão da perseguição à liberdade de expressão e da impunidade com que operam no serviço”.

Entre os casos denunciados está o do criador de conteúdo Armando Sarmiento, preso por funcionários da Diretoria de Inteligência da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), em 11 de março, sob acusações de “incitamento ao ódio” na internet. “A prisão ocorreu após material audiovisual considerado crítico à gestão de Nicolás Maduro”, afirmou a ONG.

Outro episódio semelhante ocorreu com o jornalista e youtuber Óscar Alejandro Pérez, detido em 31 de março no Aeroporto Nacional de Maiquetía, quando se preparava para embarcar em um voo com destino ao Parque Nacional Canaima, no estado de Bolívar.

“Após a prisão, os familiares de Pérez informaram em comunicado que ele havia sido acusado de atividades relacionadas ao ‘terrorismo’ por comentários em um de seus vídeos”. O youtuber venezuelano foi transferido para a sede da Divisão Antiterrorismo do CICPC, em Caracas, e liberado no dia seguinte sob medida cautelar.

O Espaço Público revelou ainda em seu relatório que, durante o mês de março, o regime intensificou a censura na internet. Entre as forma de restringir as críticas no ambiente virtual está a interrupção massiva do serviço em várias regiões do país associadas a “falhas de energia”.

O Observatório de Internet VE Sin Filtro registrou sete “falhas”: em 7 de março, uma interrupção elétrica reduziu a conectividade para 87% em todo o país, afetando principalmente Nueva Esparta, Lara, Sucre e Carabobo.

No dia 9, uma nova queda impactou a conexão em várias regiões, especialmente nos estados andinos de Trujillo, Táchira e Barinas. Vale ressaltar que o problema elétrico é muito grave nesses estados, onde o fornecimento de energia é interrompido várias vezes ao dia e por horas.

No dia 10, um apagão afetou pelo menos sete estados do país, principalmente no sudoeste, na região andina, além de Falcón, Lara e Zulia, a oeste. No dia seguinte, um incidente elétrico em Táchira causou uma queda nacional no serviço de internet prestado pela estatal CANTV.

“Táchira também foi o estado mais afetado por um novo problema nacional ocorrido no dia 14 de março. Em todo o país, a conectividade caiu para 91%, enquanto na entidade andina foi reduzida pela metade”, afirmou a ONG Espaço Público.

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