O encontro ocorre em meio à crescente tensão entre o governo brasileiro e os Estados Unidos e ao debate sobre a aplicação da Lei Magnitsky
O presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Gabriel Galípolo, se reuniu com o embaixador interino e encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, na manhã desta quarta-feira, 26.
De acordo com a agenda oficial divulgada no site do BCB, o encontro ocorreu das 9h às 10h. Também participaram da reunião os assessores econômicos Luke Durkin — especialista em risco financeiro e sanções — e Norman Galimba — responsável pelos temas de macroeconomia da Embaixada dos EUA.
Segundo o comunicado, a reunião teve como objetivo “tratar de assuntos institucionais”. O encontro ocorreu a portas fechadas na sede do BCB, em Brasília.
O encontro também ocorre em meio à crescente tensão entre o governo brasileiro e os Estados Unidos e ao debate sobre a aplicação da Lei Magnitsky. Os ânimos voltaram a se acirrar nesta semana, depois da ordem de prisão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sanções e Lei Magnitsky
Recentemente, o governo norte-americano advertiu a Coca-Cola por um patrocínio a um evento que teve como palestrante o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moraes e sua mulher, Viviane Barci, são os únicos brasileiros incluídos entre os alvos das sanções financeiras e territoriais da Lei Global Magnitsky.
A Lei Magnitsky, aprovada pelo Congresso norte-americano em 2012 e expandida em
2016, tem como objetivo permitir que os EUA imponham sanções a indivíduos considerados responsáveis por corrupção ou por violações graves de direitos humanos.
Entre as sanções previstas estão o congelamento de ativos financeiros sob jurisdição norte-americana e a proibição de entrada nos EUA.
Indivíduos sob sanção também ficam impedidos de acessar serviços digitais operados por empresas norte-americanas, como Google, Gmail, YouTube e Google Pay.
Além de Moraes, outros sete ministros do Supremo tiveram seus vistos cancelados. Também pederam os vistos o atual advogado-geral da União (AGU) e indicado de Lula para o STF, Jorge Messias; o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e familiares; dois outros funcionários do governo e seis membros de Tribunais Superiores ligados a Moraes.
EUA vinculam tarifas impostas ao Brasil à perseguição política contra Bolsonaro
Em julho, ao impor tarifas extras do Brasil, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a medida é uma resposta ao que classificou como “caça às bruxas”. Ele referia-se à perseguição política do ministro Alexandre de Moraes a Bolsonaro.
A posição do governo brasileiro, no entanto, parece ignorar o teor político da decisão, já que toda proposta apresentada pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trata apenas dos aspectos comerciais das tarifas.





