Defesa afirma que documento falso foi usado para justificar prisão
O nome de Filipe Martins voltou a aparecer no sistema de imigração dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 16, por meio de um registro que a defesa classifica como fraudulento.
Segundo os advogados, o sistema oficial do Customs and Border Protection (CBP) exibiu novamente uma entrada nos EUA com dados incorretos: nome grafado de forma errada, número de passaporte cancelado desde 2021 e categoria de visto incompatível.
A advogada Ana Bárbara Schaffert, responsável pela atuação nos EUA, explicou que o passaporte em questão foi cancelado depois da elaboração de um boletim de ocorrência e substituído por outro documento.
“O passaporte que consta nesse registro é exatamente o que foi perdido quase dois anos antes da suposta viagem”, afirmou. “O nome está incorreto — com ‘E’ em vez de ‘I’ — e o visto é de classe A2, quando Filipe tem visto G.”
Martins foi preso com base em um travel history ilegal, segundo a defesa, utilizado como prova de que ele teria saído do Brasil em dezembro de 2022 e não retornado. Na data alegada pela Polícia Federal, ele estava em viagem a Curitiba, e não aos EUA, conforme documentos da companhia aérea utilizada.
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O CBP de Orlando confirmou por e-mail à defesa que “não havia entrada registrada” e que “não existia I-94 associado” àquela suposta viagem. Mesmo assim, a manutenção da prisão foi justificada com base no documento informal. Depois de novas diligências, um registro diferente, com os dados incorretos, passou a constar no sistema e foi novamente contestado pela defesa.
A equipe jurídica afirma que, depois da exclusão anterior desse registro, ele voltou a constar nos sistemas norte-americanos sem explicação. “Fomos alertados por autoridades norte-americanas para checar o sistema e estava lá, de novo, o mesmo registro falso”, afirmou o advogado Jeffrey Chiquini. “É um documento gritantemente falso.”
O novo registro mostra que Filipe estaria autorizado a permanecer nos EUA sem prazo definido, já que a sigla “DS” (Duration of Status) aparece no campo de permanência. No entanto, a defesa reitera que não há registro de entrada ou saída legítimo com aquele passaporte.
A reaparição do dado ocorreu na mesma semana em que o coronel Mauro Cid, ouvido como testemunha, afirmou que Filipe Martins “não viajou no avião presidencial” e “não constava na lista” de passageiros de dezembro de 2022. “A acusação não tem mais nenhuma base, Cid desmontou toda a tese e agora surge esse documento de novo”, disse Chiquini.
A defesa informou que o caso será formalmente comunicado às autoridades brasileiras e norte-americanas. “Já há investigação nos Estados Unidos sobre esse episódio”, afirmou Ana Bárbara. “O Departamento de Segurança Interna já foi acionado.”
O grupo classificou o reaparecimento do registro como um fato de extrema gravidade. “Se você apresenta um passaporte cancelado em qualquer ponto de entrada, você é detido imediatamente”, declarou a advogada. “Como esse dado foi reinserido no sistema é o que precisamos saber.”