O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou nesta terça-feira (9) que o Brasil está perto de testemunhar a prisão de um ministro de tribunal superior. Sem citar nomes, Vieira criticou “ministros que acham normal” pegar carona em “jatinho pago pelo crime organizado”.
“Esse é um país que já teve presidente preso, já teve ministro preso, senador preso, deputado preso, governador preso, prefeito, vereador, mas ainda não teve ministro de tribunais superiores. Me parece que esse momento se avizinha”, disse.
A declaração ocorreu durante a audiência da comissão com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que assumiu o cargo após se aposentar da Corte. “Temos ministros que acham normal, cotidiano, caronas em jatinho, jatinho pago pelo crime organizado, notoriamente, não é surpresa. [Depois dizem] ‘Descobri hoje que era do crime organizado’. Não, o cara sabe que é crime organizado”, afirmou o senador.
“Entra no jatinho, vai para uma viagem paga pelo crime organizado, acessa um evento de luxo pago pelo crime organizado, se hospeda, come, bebe, pago pelo crime organizado, e retorna a Brasília para julgar na nossa Corte Superior”, acrescentou.
Vieira defendeu a elaboração de um código de ética para integrantes do Supremo. O presidente do STF, Edson Fachin, articula as regras. O ministro Dias Toffoli pegou carona em um jatinho acompanhado de um advogado do caso do Banco Master para assistir à final da Libertadores, em Lima, no Peru, em 28 de novembro.
O caso foi revelado pela coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, no último final de semana. Toffoli é o relator de uma reclamação da defesa de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, no STF. No último dia 2, o ministro decretou sigilo elevado na tramitação da ação.
Em resposta ao senador, Lewandowski disse ser “veementemente contra” qualquer infração ética, apontando que as regras em vigor são suficientes para “coibir atividades que sejam contrárias” ao código de ética da magistratura e da advocacia, “sobretudo quando determinados comportamentos possam eventualmente transgredir os limites da legislação penal”.
“O que é preciso é colocar em prática essa legislação e a fiscalização realmente ser redobrada”, ressaltou Lewandowski.
Contrato do Master com esposa de Moraes é o “escândalo do momento”, diz Vieira
O escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, teria fechado um contrato com o Banco Master que previa o pagamento de R$ 129 milhões em três anos. A informação foi divulgada nesta terça-feira (9) pela coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo.
O contrato teria sido apreendido pela Polícia Federal durante a Operação Compliance Zero, no mês passado. Para Vieira, esse é o “escândalo do momento”.
“Eu tenho o meu hábito de dar o nome às coisas. O escândalo que é o ministro Dias Toffoli viajar num jatinho para um compromisso particular junto com o advogado do Banco Master e despachar em favor do pedido do advogado. Era o escândalo do momento, mas já mudou”, disse.
“O escândalo do momento agora é o suposto contrato subscrito entre o Banco Master e o escritório da esposa e dos filhos do ministro Alexandre de Moraes no valor de R$ 129 milhões para uma atuação de três anos”, acrescentou.
O relator da CPI destacou a infiltração do crime organizado em diversas esferas de poder.“E se dá por meio do lobby e da advocacia que se sustenta em parte na venda de acesso a gabinetes. Eu citei um exemplo da Suprema Corte, mas poderia usar um exemplo do Senado da República. Tem campanhas financiadas pelo crime organizado”, destacou.
Crédito Gazeta do Povo





