Lula sugere perdão de dívidas de países em troca de proteção de oceanos

‘O acesso a fundos climáticos ainda é excessivamente burocrático’, afirmou o presidente

Durante o Fórum de Economia Azul e Finanças, realizado nesta semana em Mônaco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que países endividados possam ter parte de suas dívidas perdoadas em troca de ações concretas de preservação de oceanos.

Ao sugerir a proposta, Lula defendeu a ampliação do uso de Direitos Especiais de Saque (DES) — ativos do FMI que podem ser convertidos em recursos — como ferramentas eficazes para financiar projetos ambientais. Segundo o petista, essas medidas são cruciais para que nações em desenvolvimento possam preservar seus ecossistemas marinhos sem comprometer o crescimento econômico.

“O acesso a fundos climáticos ainda é excessivamente burocrático”, afirmou o presidente, para logo depois cobrar apoio político das potências globais. “Enquanto os investimentos em defesa aumentam, a assistência ao desenvolvimento ambiental diminui.”

Ao abordar a chamada economia azul (atividades econômicas sustentáveis ligadas aos mares), Lula destacou a importância do tema. “Se fosse uma nação, o oceano seria a quinta maior economia do planeta”, disse, ao citar os mais de US$ 2,5 trilhões que esse setor movimenta anualmente.

Ambientalismo de palanque no governo Lula

Embora se apresente como porta-voz de um governo sustentável no exterior, o presidente Lula coleciona números negativos no Brasil.

No Cerrado, por exemplo, o desmatamento acumulado nos dois primeiros anos de Lula superou o mesmo período da gestão Bolsonaro. Em 2023, foram destruídos quase 8 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa e, em 2024, quase 6 mil quilômetros quadrados. No mesmo intervalo da administração anterior, os números foram menores: pouco menos de 5 mil quilômetros quadrados em 2019 e quase 4,5 mil em 2020.

Embora o ritmo tenha caído entre o primeiro e o segundo ano do atual governo, os alertas de desmatamento dispararam: chegaram a 17 mil quilômetros quadrados em 2024 — o maior número já registrado na série histórica. As queimadas também explodiram. Nos dois primeiros meses de 2025, o fogo destruiu 806 mil hectares em todo o país. Desse total, a Amazônia perdeu 89 mil hectares, o Cerrado, 22 mil, e o restante se concentrou no Pantanal, que voltou a arder em proporções catastróficas.

Em 2023, os focos de incêndio explodiram. Aumentaram quase 900% em relação ao mesmo período de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), compilados pela WWF-Brasil. No ano seguinte, a situação piorou ainda mais. Em 2024, as chamas consumiram quase 3 milhões de hectares — o equivalente a 17% de todo o bioma do Pantanal.

Nos dois anos anteriores, ainda sob o governo Bolsonaro, o cenário era menos severo. Em 2021 e 2022, a área total queimada foi inferior a 700 mil hectares — quase quatro vezes menor que a devastação registrada em 2024. O contraste escancara uma contradição central: enquanto o governo Lula multiplica discursos em defesa da pauta ambiental, os dados apontam um avanço acelerado da destruição.

Crédito Revista Oeste

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