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Famílias de Minas Gerais são processadas por praticar homeschooling

Cinco famílias de Manhuaçu, em Minas Gerais, estão sendo processadas por praticar homeschooling

Ministério Público de Minas Gerais entrou com uma ação judicial para que cinco famílias de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira, matriculem seus filhos na rede formal de ensino. A denúncia partiu do conselho tutelar da cidade, que informou que as crianças e os adolescentes estão em ensino domiciliar (homeschooling).

O promotor Reinaldo Lara, da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e Juventude, disse que o órgão se reuniu com seis famílias para resolver a questão de forma extrajudicial, mas apenas uma delas seguiu a recomendação e matriculou os filhos na rede formal.

“As outras famílias alegaram que a escola pública não seria um lugar seguro para que os filhos pudessem estudar”, disse o promotor. “Em relação à rede privada, afirmaram que o ensino domiciliar seria mais eficiente, que as crianças tinham um aproveitamento maior e estudavam até latim nas suas residências”.

Lara também mencionou que algumas crianças nunca frequentaram a escola, enquanto outras abandonaram a rede de ensino durante a pandemia, quando as aulas foram transferidas para o ambiente on-line.

Os nomes dos pais não foram divulgados, pois o caso está em sigilo. A Prefeitura de Manhuaçu afirmou que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o caso, pois ele ainda será julgado pelo juiz.

“Escola é crucial para o desenvolvimento”, alega promotoria

A promotoria solicitou à Justiça a concessão da tutela de urgência para que as crianças e os adolescentes sejam matriculados e frequentem a escola regularmente no prazo de dez dias.

“A escola tem um papel crucial no desenvolvimento integral da criança”, prosseguiu o promotor. “Além de providenciar aprendizado acadêmico, ela também oferece um ambiente para socialização, desenvolvimento de atividades interpessoais, construção de valores, identidades, além de proporcionar atividades culturais e esportivas.”

Em caso de descumprimento da ordem judicial, as famílias podem ser multadas e responder por desobediência.

Decisões do STF e projetos legislativos sobre homeschooling

Em 2018, o STF decidiu que o ensino domiciliar não pode ser considerado um meio lícito para garantir a educação das crianças devido à ausência de uma lei que o regulamente.

Em 2022, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que libera o homeschooling. A proposta foi encaminhada ao Senado, mas não foi ao plenário desde então.

O Ministério Público também pediu à Justiça a concessão da tutela de urgência para que o município de Manhuaçu e o Estado de Minas Gerais promovam a busca ativa dessas crianças e adolescentes, facilitando suas matrículas na rede de ensino.

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