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Gleisi é obrigada a apagar post após receber notificação extrajudicial

Gleisi é obrigada a apagar post após receber notificação extrajudicial

Na segunda-feira (4 de março de 2024), a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, deletou a publicação feita no mesmo dia em seu perfil no X (antigo Twitter), na qual expressava críticas à contratação do técnico de futebol Cuca pelo Athletico Paranense. No texto, Hoffmann o acusava de envolvimento em um caso de estupro na Suíça, ressaltando que não havia uma sentença definitiva no caso (mais informações sobre o incidente podem ser encontradas abaixo). A remoção da postagem ocorreu após a congressista receber uma notificação extrajudicial dos advogados do treinador.

Segundo o documento, a publicação feita pela deputada contém “diversas informações completamente inverídicas e equivocadas que podem induzir a erro seus seguidores”. Gleisi deveria deletar o post “sob pena de serem tomadas todas medidas judiciais cabíveis na área civil e criminal com o ingresso de queixa crime por crimes de calúnia, difamação e injúria”.

Eis a notificação recebida por Gleisi:

Ao publicar no X o documento, Gleisi escreveu: “Em razão de Interpelação Extra-Judicial que recebi do treinador Cuca, afirmando que fiz considerações inverídicas quanto sua condenação, já que não foi condenado, quanto a prática criminosa e semelhança com casos de Daniel Alves e Robinho (documento abaixo), deletei o post anterior e o reescrevo a seguir: ‘É estarrecedor, na semana da mulher, saber que o Athletico Paranaense irá contratar Cuca, o homem que foi acusado pela Justiça Suíça por manter relações sexuais com uma criança de 13 anos, crime previsto no art. 187 do Código Penal Suíço”.

E continuou: “Esta situação nos faz relembrar dos recentes casos de Robinho e Daniel Alves. Embora sua condenação tenha sido anulada recentemente, consta no processo a afirmação de que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima! Nos preocupa muito essa situação, pq o futebol serve de inspiração e referência para tantas crianças. Temos um longo caminho pela frente até que os homens também estejam comprometidos com o enfrentamento à violência contra a mulher. Vamos à luta! No dia 8 de março estaremos nas ruas!”.

Cuca, de 60 anos, enfrentou uma condenação judicial na Suíça em 1989 por estupro e coação de uma menor de 13 anos em 1987, quando atuava como jogador de futebol. Contudo, em dezembro de 2023, a sentença foi revogada devido a irregularidades no processo ocorrido na década de 1980, e à impossibilidade de realizar um novo julgamento. Importante ressaltar que a anulação da sentença não implica na inocência do treinador.

Desde abril de 2023, Cuca estava afastado das atividades de treinador, tendo sua breve passagem pelo Corinthians interrompida apenas seis dias após sua contratação, devido à pressão da torcida e dos patrocinadores relacionada ao caso de 1987. Agora, ele retorna ao cenário futebolístico assumindo o comando do Athletico-PR.

ENTENDA O CASO

  • 29 de julho de 1987 – Grêmio vence o Benfica por 2 a 1 no torneio Copa Phillips em Berna, capital da Suíça;
  • 30 de julho de 1987 – polícia suíça prende 4 jogadores do Grêmio: Cuca, Henrique Etges, Fernando Castoldi e Eduardo Hamester no Hotel Metropole de Berna;
  • acusação – os jogadores teriam cometido ato sexual sob coerção –correspondentes ao crime de estupro pela lei atual do país– com a filha de 13 anos de um funcionário do hotel;
  • o que disse a adolescente – informou à polícia que foi ao quarto dos jogadores pedir autógrafos, camisas e flâmulas com 2 amigos e foi abusada ao ficar sozinha com os atletas. Segundo entrevista ao jornal suíço Blick, afirmou que 3 jogadores a imobilizaram e 1 a estuprou;
  • o que inicialmente disseram os jogadores – Henrique e Eduardo confessaram, Fernando e Cuca negaram participação. Ao Jornal dos Sports, Cuca disse que Sandra não aparentava ter 13 anos e que a jovem tinha ido ao quarto para fazer sexo com um dos jogadores;
  • prisão – jogadores foram presos em penitenciárias distintas e soltos depois de 1 mês da instrução inicial do processo;
  • fiança – cada um pagou a fiança de US$ 1.500 e voltaram ao Brasil com ajuda do advogado e então vice-presidente jurídico do Grêmio, Luiz Carlos Pereira Silveira Martins;
  • julgamento – em 15 de agosto de 1989, só Fernando tinha representação legal. Apesar de Martins ter dito que compareceu ao julgamento, sua presença não consta nos autos do processo;
  • advogado da jovem – declarou que ela reconheceu Cuca como o estuprador;
  • sêmen – trecho do processo mencionava laudo comprovando a existência de material genético de Cuca no corpo de Sandra, segundo o Globo Esporte;
  • condenação – Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados em 1989 a 15 meses de prisão e multa de US$ 8.000. Fernando foi condenado a 3 meses e multa de US$ 4.000 como cúmplice, por ter monitorado a porta do quarto, de acordo com o juiz;
  • penas – os atletas não voltaram ao país e não cumpriram as penas;
  • reabertura do caso – em 22 de novembro de 2023, a Justiça da Suíça aceitou reabrir o processo a pedido da defesa de Cuca, que alegou que o técnico foi condenado à revelia, ou seja, não se apresentou nem teve representação durante o julgamento, e poderia ser inocentado;
  • anulação – processo foi anulado em 28 de dezembro de 2023 pela Justiça da Suíça com a alegação de irregularidade no julgamento, os fatos não foram reavaliados porque já estavam prescritos.

Com informações de Poder 360

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