Em meio a crescentes protestos populares e tensões políticas, líderes soberanistas da Romênia reagiram com indignação após a invalidação da candidatura presidencial de Călin Georgescu, uma decisão que qualificam como parte de um “golpe de Estado” apoiado por Bruxelas.
Líderes soberanistas denunciam abuso contra a democracia
O presidente do partido soberanista Aliança para a União dos Romenos (AUR) e vice-presidente do grupo europeu ECR, George Simion, classificou a decisão de cancelar a candidatura de Georgescu como um “novo abuso” e a considerou parte de “um golpe de Estado iniciado em 6 de dezembro”. Simion, junto com outros dirigentes próximos a Georgescu, atacou o governo romeno exigindo a renúncia do primeiro-ministro Marcel Ciolacu.
“Estamos em uma ditadura”, denunciou Anamaria Gavrilă, do POT (Partido dos Jovens), que também indicou que a documentação apresentada por Georgescu cumpria com todos os requisitos legais.
Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, os três líderes soberanistas apareceram juntos, mostrando unidade. “Vamos juntos até o final pelos mesmos valores: paz, democracia, liberdade”, manifestou Georgescu ao lado de Simion e Gavrilă em um vídeo nas redes sociais. “Com unidade sairemos deste beco sem saída”, disse Simion.
Protestos nas ruas e alternativas para as eleições
Após a decisão, apoiada por dez dos 14 magistrados que compõem o tribunal, eclodiram protestos na Romênia, já que Georgescu liderava todas as pesquisas para as próximas eleições presidenciais e cerca de 40% dos romenos pretendiam votar nele. Vários meios de comunicação locais informaram que a polícia estaria usando gás lacrimogêneo para dispersar os milhares de cidadãos que não aceitaram a decisão judicial.
“Um golpe direto no coração da democracia mundial! Tenho uma mensagem adicional! Se a democracia na Romênia cai, cairá todo o mundo democrático. Isto é apenas o princípio. É assim tão simples. A Europa é agora uma ditadura, a Romênia está sob tirania”, transmitiu o candidato no X (anteriormente Twitter).
Na entrevista coletiva, Simion não descartou um candidato alternativo, incluindo ele mesmo, para as eleições de maio, embora tenha condicionado qualquer decisão ao “conselho de Georgescu”, que é quem decidirá qual caminho tomar. “É sua decisão”, disse.
Segunda tentativa de barrar Georgescu
Esta não é a primeira vez que Georgescu enfrenta obstáculos em sua candidatura presidencial. Em dezembro, a apenas dois dias do segundo turno, o Tribunal Constitucional cancelou as eleições que ele havia vencido no primeiro turno.
Agora, Georgescu dispõe de 24 horas para recorrer da decisão perante o Constitucional, em um momento em que tem o apoio de metade da população romena — as pesquisas preveem um apoio entre 40 e 45%. As últimas decisões da justiça romena não fizeram mais que aumentar os índices de popularidade de Georgescu, que aponta para aquelas elites europeias e instituições que o privam de participar nas eleições e restringem a vontade do povo romeno.
“Não importa os abusos que cometam, temos o voto, a democracia do nosso lado e o poder do povo“, disse Simion em referência ao triunfo de Georgescu no primeiro turno das eleições canceladas de dezembro. “Teremos o voto do nosso lado e voltaremos a entrar no processo democrático”, ressaltou.
A situação na Romênia continua tensa, com observadores internacionais questionando a legitimidade das decisões judiciais e o futuro da democracia no país da Europa Oriental.